Amanhã é o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro em razão de ser a data da morte de Zumbi dos Palmares, nosso maior símbolo de luta e resistência. O feriado nacionalmente é facultativo e em Mato Grosso a Lei nº 7.879, de 27 de dezembro de 2002, sancionada pelo então governador Rogério Salles, institui o Dia Nacional da Consciência Negra, como feriado estadual.
Concordo que o clima é de festividade e que cada vez mais nos sentimos a vontade para exaltamos nossa origem africana e referendarmos a unidade de luta pela liberdade de informação, manifestação religiosa e cultural. Todavia, esta data deve ser vista além de um dia de celebração, devemos reafirmar nossas reivindicações por mais oportunidades, mais escolas, por maior acesso aos serviços públicos, por mais cidadania, por políticas públicas (recursos para a ação governamental) e pelo fim da violência contra os afro-decendentes. Este último peço encarecidamente a atenção maior de toda sociedade civil organizada e das autoridades de todas as esferas constituídas.
Os dados são do Mapa da Violência 2014 nos mostra que a cada dia, 154 pessoas morreram, em média, vítimas de homicídio no Brasil, em 2012. Ao todo, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas (O número é maior que o de vítimas em guerras e outros conflitos no mesmo período). A variável que chamo a atenção na pesquisa é sobre a vitimização dos negros, que é bem maior que a de brancos. 30 mil jovens por ano são assassinados no Brasil. 77% destes jovens são negros. Morreram proporcionalmente 146,5% mais negros do que brancos no Brasil. Considerando a década entre 2002 e 2012, a vitimização negra, isso é, a comparação da taxa de morte desse segmento com a da população branca, mais que duplicou.
Resido em Sinop – MT, acompanhando o crescimento da violência no país, neste ano trazemos como recorde o aumento do número de homicídios e da insegurança num todo e não podemos chegar ao comodismo de encarar isso como normal, frases do tipo “faz parte do desenvolvimento da cidade”, pra mim são abomináveis, tenho isso comigo desde a infância, sentimento mais forte a partir de quando coordenei a CUFA – Central Única das Favelas e sentimento cada vez mais forte, quando ainda hoje perdemos vários jovens, aqui trago em destaque o meu amigo Lucio Abadio, filho da querida Maria Heleuza e irmão da eterna musa do carnaval sinopense Luciene Maria, jovem que aos 19 anos teve sua vida ceifada, em virtude do envolvimento com drogas. Estes acontecimentos desanimam, mas “o bonde não pode parar” e vamos seguindo, agregando, somando e partilhando ações em busca de oportunidades de igualdade, hoje através do TUCANAFRO – Secretariado da Militância Negra do PSDB.
A pouco li uma entrevista do governador eleito Pedro Taques e a seguinte frase aumenta nossas esperanças sobre a sua gestão vindoura "Segurança Pública não se faz apenas com polícia". Somos convictos disto governador, pois como já dizia nosso grande líder Martin Luther King, “Nós não podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas também na positividade da paz”. Com este sentimento continuamos a buscar e construir caminhos para a construção de um novo modelo de segurança pública que privilegie a cidadania como um todo, além de valorizar os trabalhadores deste segmento e que garanta a participação da sociedade civil organizada na construção de políticas públicas para a área.
Por fim, compartilho o vídeo da campanha “Jovem Negro Vivo” http://goo.gl/yuN232. Eu quero ver os jovens vivos!
Anderson Maciel Ciriaco é produtor cultural e coordenador do Tucanafro Mato Grosso.