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Jogo de soma zero

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Não sou especialista no assunto, tampouco gosto de matemática, mas a curiosidade me fez reler com alguma atenção os conceitos básicos da chamada Teoria dos Jogos, sobre conflito e colaboração entre indivíduos, mas também aplicáveis a disputas e competições entre grupos sociais, países, guerras, relações internacionais, etc.

De acordo com a teoria, um tipo básico de solução existente para os referidos conflitos é o jogo de soma zero. Significa, grosso modo, que num conflito entre dois indivíduos, por exemplo, para um ganhar o outro precisa perder na exata proporção.

A melhor explicação que encontrei para o teorema de soma zero é o „Dilema do Prisioneiro‰. Dois caras são presos e a polícia tem provas suficientes para mantê-los na cadeia por apenas um ano. Se um confessar e depuser contra o outro, safa-se, e seu comparsa pega três anos. Se ambos confessarem, os dois pegam dois anos cada. Se ninguém confessar, cada um fica com 1 ano. Como estão presos em celas separadas, um não tem como saber a decisão que o colega vai tomar.

O teorema aponta a que a melhor decisão, para a soma zero, é apenas um confessar e delatar ou cúmplice, livrar-se da cadeia, e o outro cumprir a maior pena sozinho. O problema é que ambos podem chegar a essa mesma conclusão, por ser a mais racional (e veja que os matemáticos são felizes porque não têm que se preocupar com a dimensão ética que afeta os demais mortais).

Por mera coincidência, depois de repassar a teoria do jogo de soma zero (há outras possibilidades, como „soma não-zero‰ e de „informação perfeita‰, que não vêm ao caso agora), fui ler os jornais e me deparei com as notícias e repercussões da reunião dos partidos membros da antiga coligação „Mato Grosso Mais Forte‰. E fui levado à conclusão de que estava lendo um outro exemplo do jogo de soma zero, se bem que rigidamente não se aplica ao caso, por ter mais de dois „jogadores‰.

De todo o modo, a impressão é de que ninguém quer ceder, perder nenhuma posição, e só se satisfaz se ganhar na exata proporção da perda dos demais. Os critérios que adotaram, por exemplo, para atrair novos aliados são tão excludentes que mais parecem nonsense dos bons. Afinal, se um partido de porte médio a grande tiver que se sujeitar a tantos beija-mãos como sugerem as regras para novas adesões, possivelmente não haverá muitos interessados.

Enquanto isso, uma oposição ainda acanhada começa a se interessar pelo jogo, com espírito diverso da soma zero, ou do perde-ganha ou perde-perde, como costumo dizer.

Talvez esteja na hora dos partidos de sustentação do governo ˆ e o próprio – tentarem praticar o jogo do ganha-ganha, equilibrando os espaços de poder efetivo entre eles, e reservando algum para os futuros aliados.

Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM ˆ Soluções Institucionais. [email protected]

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