Nem bem passou a onda diplomática sobre a fuga do senador boliviano que estava asilado na Embaixada brasileira em La Paz, com a ajuda do encarregado de negócios da representação brasileira naquele país e que deixou a Presidente Dilma em uma verdadeira "saia justa", enfurecendo o Presidente Boliviano e acarretando a queda do Ministro das Relações Exteriores, uma noíicia "requentada" sobre as acões de espionagem do Governo dos EUA , utilizando para tanto a rede mundial dos computadores e outros meios de telecomunicações.
Alguns dias antes da Rede Globo , através do programa Fantástico, no ultimo domingo, apresentar fatos ocorridos há mais de um ano e que vieram a tona graças `a delação de um servidor terceirizado que prestava serviços a Agência Nacional de Segurança dos EUA, uma delegação brasileira, chefiada pelo Ministro da Justiça, não conseguiu êxito ao propor alguns parâmetros nesta questão junto ao Governo Americano.
De forma clara e peremptória, o Vice Presidente e o Secretário de Estado dos EUA informaram `a delegação brasileira de que aquele país irá continuar coletando, armazenando e analisando dados e informações obtidas em atividades de monitoramento do mundo virtual e outras áreas como forma de preservar a segurança e a defesa do país, como fazem praticamente todos os países do mundo, inclusive o Brasil.
A reação da cúpula do Governo , também do Senado que já criou e instalou uma CPI e com certeza da Câmara Federal e de todos os partidos, principalmente os que integram a base de parlamentar do Governo, mostraram-se extremamente idignados com os fatos, classificados como de extrema gravidade e uma afronta `a soberania nacional brasileira.
O interessante é que tudo isso só veio `a tona devido ao trabalho da imprensa, indicando o despreparo do governo em materia de informação e contra-informação ou como atualmente esta área é denominada de inteligência e contra-inteligência.
Quando governantes são colhidos de surpresa por fatos considerados graves, divulgados pela imprensa, demonstra que a incompetência em preservar e defender a soberania não estão sendo objeto de uma ação eficiente, eficaz e efetiva. Nenhum país pode colocar em organismos internacionais ou outra nacão o zelo pela sua independência e soberania.
Seria interessante que nossos senadores, deputados e a alta cúpula govenamental estudassem um pouco mais uma atividade que existe há milhares de anos. Todos os países fazem espionagem e sofrem ação da espionagem inimiga, ou seja, por parte de outras nações, seja em tempo de Guerra ou de paz. Cabe a cada país desenvolver sistemas, mecanismos e formas para resguardar suas informações estratégicas ou vitais, negando ao "inimigo" o acesso a tais dados, da mesma forma que todos os países coletam informações no exterior, inclusive o Brasil. Para isso existem embaixadas,consulados, adidos e espiões em todos os países.
Sun Tzu, um general e brilhante estrategista militar chines, no século IV antes de Cristo, ha 2.500 anos escreveu uma série de orientações aos seus soldados e que servem muito bem para todos os governantes que ocupam postos de commando ou da alta direção dos negócios nacionais.
O Capitulo treze da obra de Sun Tzu, denomianda de A ARTE DA GUERRA, é dedicado ao "uso de espiões". Com certeza esses patriotas (sem alusao direta ao ex-ministro das Relações Exteriores, que foi defenestrado com o episódio do senador boliviano) poderiam, além de protestarem, esbravejarem, criticarem as ações do governo americano, um pouco de forma teatral, criando um "inimigo externo" para fortalecer-se internamente, principalmente o Governo Dilma, cuja aprovação pela opiniao pública despencou durante e após as grandes manifestações de massa que demandavam o fim da corrupção, serviços públicos de qualidade, contra privilégios, como o que a Câmara Federal concedeu a um deputado que se encontra preso na penitenciaria condenado por crimes de corrupção pelo STF.
Na época em que Sun Tzu escreveu sua obra não existia internet, nem rede mundial de computadores, nem google, nem facebook nem satelites espiões, drones e outras tecnologias que possibilitam aos países terem um maior conhecimento da realidade interna e internacional.
O Brasil é um grande usuário dessas tecnologias modernas e estará sempre sujeito a vulnerabilidades, a menos que desenvolva sua capacidade tecnológica própria, como outros países estão buscando, mas para isso são necessários investimentos elevados. Enquanto os EUA gastam por ano mais de 100 bilhões de dólares em atividades de inteligência e para o desenvolvimento de tecnologias sofisticadas e eficientes, o Brasil gasta quase nada!
Defender soberania vai muito além de discursos inflamados, exige governo eficiente, transparente, sem corrupção e também que respeite seus cidadãos, eleitores e contribuintes. Um país em que integrantes do alto escalão governamental são acusados e condenado por corrupção, cuja elite dominante usufrue de privilégios `as custas do sour do povo, fica difícil de entender para quem serve esta soberania!
Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias.
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