O impeachment é um dos instrumentos valiosos adotados também pelo Estado democrático e de direito. A ser utilizado devidamente, e sustentado por provas contundentes.
Isto é imperioso. Condição que não se dá, obviamente, pelas vontades de quem se coloca a favor ou dos que se opõem ao seu uso.
Ainda que se saiba do fator emocional, ou dos interesses individuais em jogo. E são justamente estes que vêm movimentando a discussão atual, mesmo que se tem notícia de evidencias da existência de crime de responsabilidade.
Crime que motivou o ingresso de pedidos de impeachment na Câmara Federal. A oposição, por sua vez, reoxigena o tal movimento, e chegou, na última quinta-feira (10/09), a instalar um site, onde disponibiliza uma petição eletrônica para buscar mais apoiadores, e, portanto, não apenas o endosso de parlamentares, mas também da sociedade civil.
Cabe lembrar que uma parte considerável da população já defende o afastamento da presidente.
À medida que as crises se agravam, especialmente a econômica que aumenta em demasia o custo de vida, a tendência de crescer o contingente em prol do impeachment é bastante grande.
Isto é o que precisa a oposição, além, é claro, de escolher o melhor texto para oficializar o pedido, e este será mesmo o apresentado pelo Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, até pela sua história político-partidária ligada às fileiras petistas.
O seu texto será somado aos do Ives Gandra Martins e do Miguel Reale Júnior.
Assim, o movimento a favor do impeachment ganha sua própria simbologia. Porém, dificilmente o tal pedido será deferido pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo cunha.
Não aceitação que será questionada pela oposição e, posteriormente, derrubada em plenário. E, desse modo, o processo se concretizará.
Mas, há de se convir, (e) leitor, a razão deve ser sempre a condutora das ações. Ainda que estas sejam essencialmente políticas, as quais se impulsionam também pela emoção.
Seria, portanto, razoável e justo que os parlamentares oposicionistas esperassem o relatório final do Tribunal de Contas da União referente à conta do governo de 2014, ou a rejeição desta.
É esta uma peça necessária e imprescindível do jogo. Embora se deva reconhecer de que a atual situação brasileira é bastante grave: inflação descontrolada, desempregos, desvalorização do real e crescimento pífio da economia etc.
A situação, portanto, é gravíssima. Bem mais porque o Governo se mostra incapaz de lidar com as adversidades e as crises que ele próprio criou e alimentou ao longo do primeiro mandato.
Parafraseando, aqui, Baltazar Grancián, em um de seus mais famosos livros (‘A arte da prudência’), ‘é prudente mostrar um pouco de audácia’, mas jamais se ‘deve agir com imprudência’.
Para tanto, ‘é preciso saber reconhecer o ponto de maturação no tempo certo e tirar proveito disso’.
Assim, a chave do impeachment da petista é, sem dúvida, o relatório do TCU, referente à conta do Governo de 2014. É isto.
Lourembergue Alves é professor universitário e analista político em Cuiabá.
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