É uma beleza constatar que a Unemat Sinop evolui rápido. Do primeiro para este “IIº Ciclo de Palestras”, houve evidente salto de qualidade no nível do evento, graças não só a professores locais, mas à melhora dos convidados. Entretanto é preciso melhorar ainda. Nosso campus padece de velhos achaques, crônicos, que é preciso comentar. Problemas sistêmicos da universidade moderna, não inventados aqui, portanto não são culpa da Unemat nem do nosso campus. Mas, como ninguém fala nada, a coisa fica parecendo normal. Ouvimos no ano passado, no Iº ciclo de palestras, coisas muito fora do contexto da Universidade. A sociedade não estava presente, como deveria estar, a julgar pelo título do evento. P´ra quem não nasceu ontem, foi difícil engolir besteira sem reclamar.
Refiro-me à contaminação panfletária ideológica esquerdista, mal que prejudica a sociedade e não pode ser admissível numa escola. Não é só aqui, infecta as universidades de todo o chamado mundo cristão ocidental, (Europa e Américas). Restos equivocados de um passado, já não recente, mas precisam ser combatidos. Jovens acadêmicos do IIIº Milênio não poderiam ser vítimas de professores revoltados, a brandir tão vetustas idéias. Minoria, mas mesmo assim inaceitável.
No Iº Ciclo, realizado no ano passado, a organização aparentemente não escolheu muito. Um palestrante, o mais exagerado deles, zombou da platéia que lotava o SESI. Proferiu absurdos, por exemplo, “só uma família se beneficia do crescimento do Mato Grosso”, e várias outras irresponsabilidades como “os ricos fazem tudo para que os pobres continuem cada vez mais analfabetos”. Se a platéia não fosse exclusivamente de estudantes aquele boquirroto não teria ido embora sem uma refrega. Tive vontade de chamar a polícia para mandar prender o charlatão. Mas o cara era um Professor Mestre da UNEMAT. Pior é que o sacripanta não estava sozinho. O lamentável mestre não era aberração isolada, coisa que eu acharia totalmente normal, afinal todo lote pode ter algumas peças estragadas. Havia, porém, mais um punhado de docentes que, apesar de pomposamente titulados, exibiam falas de educação precária, assassinando o vernáculo… mas tudo bem, falar errado não seria tão feio, afinal tinham vindo para falar de economia, não era obrigação de dar aula de português. Só que, foi demais para uma platéia de estudantes, foi demais, doeram meus ouvidos.
É claro que, quanto às mencionadas ofensas à “última flor do Láscio”, tem que haver certa tolerância.
Ninguém nasce sabendo falar sua língua. É arte que se aperfeiçoa na escola e com a leitura. Nosso idioma é mais complexo que o inglês e o alemão. Tem mais variações e mais exceções, é filho do latim vulgar e do grego. Quase todos os livros de Recursos Humanos, e de Administração de Empresas que tenho visto são repletos de pesados erros de português, erros de todo tipo. Isso não estimula os professores a cuidar da língua. Só que, alguns estão muito descuidados, afinal de contas, tolerância tem limite. A sintaxe desastrosa de alguns palestrantes tornava difícil entender algumas frases inteiras, entendimento que só era possível com a oração seguinte, adivinhando-se. A ortofonia tão caótica em alguns casos, fazia lembrar Tió e Bepe, destruindo a possibilidade de concentração.
Mas isto é apenas um aspecto técnico do conclave, isto é de menos.
O que é realmente muito desagradável é ver a comunidade acadêmica toda solenemente reunida, para ouvir lamentos e acusações político-ideológicas completamente sectárias.
Para o bem da verdade, é preciso dizer que este ano melhorou. Neste II Ciclo, realizado de 13 a 17 do corrente mês, os “cavaleiros da esperança” pegaram mais leve. O estelionato ideológico, ainda presente, veio mais comedido. E os sagrados propósitos da universidade foram um pouco mais valorizados. Tivemos gente muito boa desta vez. Os convidados de S. Paulo, de Stª Catarina, de Brasília, cada um já teria valido à pena por tudo.
A palestrante da terça feira, secretária de agricultura de um próspero município vizinho, falou coisa diferente da usual choramingas ambiental. Coerente, de experiência pessoal com o campo, (algo mais significativo do que a prosaica tarefa de dar aulas), posicionou-se contrária à absurda indústria de multas do meio ambiente. Mostrou que, mais do que mera agente pública, ela tem a sua própria vida envolvida com ecologia e com trabalho no campo. Contou que por vezes tem de trabalhar desde as três horas da madrugada em sua fazenda. Desagradou a esquerda. Foi criticada, acusada de não ter consciência ecológica, “xingada” de fazendeira, de desmatadora… Acharam que suas idéias, mesmo que não indulgentes para com os recalcitrantes do meio ambiente, eram muito moles. Ouvi comentários do tipo “tem que meter ferro nesses capitalistas.”
Não agrada mesmo, contrariar a velha cantilena. Ecologistas de escritório, nefelibatas cujo sonho é um holerite no fim do mês, querem saber é de direitos. Tivesse ela falado em direitos, vantagens, indenizações, multar fazendeiros ricos, fazer greve, teria agradado muito mais do que falar em cuidar de frangos às três horas da madrugada…
Para alguns palestrantes,“o grande capital!!!”, (abstração demoníaca que eles jogam como pó-de-mico para a platéia), é culpado de todas as dores do mundo, exatamente como prega há mais de duzentos anos a melopéia comunista. Os professores universitários brasileiros, (não estou restringindo à Unemat,) continuam manietados aos traumas da pobreza material e mental, única pasta alimentícia do socialismo. Eis aqui a síntese de tudo: a fonte do socialismo não é nenhum suposto fraternismo, como tentam justificar os seus mais famosos exegetas, desde Marx. Eles querem sair da pobreza sem construir nada: querem tomar de quem tem. Não conseguem enxergar a luz da abertura da caverna Platônica.
Desde os meados do século passado não há nada mais “démodé”, nada mais rançoso do que culpar o capital pelos descaminhos da humanidade.
Senhores socialistas anacrônicos, cujos ídolos são gente covarde e perniciosa, como Mao Tse Tung, Pol Pot, Josiph Broz Tito, Ho Chi Min, Fidel Castro, já chega! Respeitem a humilde universidade. Vocês não estudaram a Primavera de Praga? Vocês que adoram de Joseph Stalin, que foi muito pior que Adolph Hitler, cujo nacional socialismo teve inspirações muito semelhantes às dos “companheiros” citados. Vocês que vivem às voltas com ciência, procurem conhecer o maior experimento sociológico, político e econômico que já existiu, o chamado experimento involuntário. Não foi programado por nenhuma instituição ou universidade, simplesmente aconteceu. Durou 28 anos envolveu 70 milhões de pessoas. Duas populações com exatamente a mesma origem, a mesma língua, a mesma história, a mesma etnia, nunca jamais se conseguiu nem conseguirá experimento de campo tão exemplar. Involuntário mas perfeito. É um estudo do tipo duplo cego, randomizado, prospectivo e retrospectivo, qualitativo e quantitativo, tecnicamente perfeito. E não foi programado para acabar com o comunismo: em 1989 o muro de Berlim caiu sozinho, fato histórico e sociológico mais importante do que as guerras do século.
Emerson Ribeiro, acadêmico da Unemat.