Com cerca de 200 milhões de infectados em todo o mundo, sendo três milhões só no Brasil, a hepatite C já é considerada uma epidemia silenciosa da humanidade. Em todo o mundo, cerca de 1,4 milhão de pessoas morrem de hepatite viral crônica todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um índice maior que das pessoas contaminadas com HIV.
E o problema maior é que grande parte da população está infectada pelo vírus da hepatite C e não sabe. O vírus permanece no organismo causando uma infecção completamente assintomática, fazendo com que o indivíduo não tome conhecimento dela e, portanto, não procure o médico.
Sua transmissão se dá por contato com sangue contaminado de pessoas infectadas. O contágio pode acontecer por relação sexual, alicate de unhas, instrumentos dentários, durante o parto em caso do bebê ter contato com o sangue da mãe infectada, em colocação de piercings, realização de tatuagens e compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas ou entre praticantes de esportes.
A hepatite pode ser identificada por exames laboratoriais. É importante fazer exames de rotina para caso seja diagnosticada a doença, possa ser tratada a tempo com medicamentos que impedem a replicação do vírus no fígado, evitando que a doença evolua para uma cirrose, um câncer ou até mesmo o comprometimento total do fígado a ponto de ter que realizar um transplante.
Lembrando que até 1993 os hemocentros não faziam teste para hepatite C, assim sendo, se você recebeu sangue antes dessa data, passou por algum procedimento cirurgico, acidente, ficou hospitalizado em UTI, teve relação sexual desprotegido ou compartilhou seringa, é importante fazer o teste.
Vale esclarecer que existem vários tipos de hepatites virais, sendo as mais importantes estes 5 tipos : A, B, C, D e E. As vacinas existentes até hoje imunizam apenas contra os vírus vírus das hepatites A e B. A vacina de Hepatite A foi introduzida no calendário infantil em 2014, para crianças de 1 a 2 anos de idade. O encaminhamento, quando indicado, deverá ser feito pelo médico. A vacina contra hepatite B foi introduzida a partir de 1990 para pacientes politransfundidos e renais crônicos em tratamento em Centros de Diálise. Em 1991 a sua utilização foi ampliada para os profissionais de saúde. A partir de setembro de 1998 passou a fazer parte do calendário básico. Os tipos B, C e D têm tratamento antiviral específico e gratuito pelo ministério da saúde, o tratamento da A e E é essencialmente sintomático e a chance delas evoluírem para a cronicidade é menor. Em todos os casos para evitar possíveis complicações e evolução para a cronicidade é importante procurar um médico para fazer os exames diagnósticos.
Em Cuiabá, o SAE DST AIDS e Hepatites realiza o teste rápido para Hepatite C, bem como para HIV, sífilis e hepatite B. O teste é gratuito e fica pronto em 30 minutos.
Zamara Brandão Ribeiro é médica infectologista em Cuiabá