Não houve ditadura em 1964, embora não seja isso o que se ensina nas universidades brasileiras. Até na Unemat Sinop, parte de seus professores refere-se prosaicamente à “DITADURA de 64” sonegando aos alunos a real importância do fato. Interessante é que esses são justamente os que dão aulas de havaianas encardidas e roupas sujas… Os dicionários dizem: DITADURA é a forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos de um indivíduo, ou um grupo.
Onde é que já se viu um ditador ser escolhido pelo voto, mesmo que indireto?
Porque será que, nessa votação, o tal ditador (Castelo Branco) recebeu o voto de um dos mais ilustres democratas da nossa história, Juscelino Kubistcheck? E todos os sucessores deste primeiro presidente também foram escolhidos pelo voto, em data certa e prevista?
Que ditadura foi essa?
Onde é que uma DITADURA conviveu vinte anos com um calendário eleitoral regular, com eleições livres para todos os níveis de cargos políticos processando-se com invejável regularidade?
Onde é que uma DITADURA teve de valer-se de tantas manobras e acertos políticos para manter maioria parlamentar, como por exemplo, a invenção dos “senadores biônicos”?
Onde é que já se viu uma DITADURA (“ditadura parlamentarista?”), ter de fazer política o tempo todo, inclusive através de expedientes marqueteiros, como anunciar o golpe político em 31 de março em vez de primeiro de abril? Simplesmente porque, dada a sua ausência de dramaticidade histórica e as quase imperceptíveis repercussões na vida nacional, (nem as aulas foram suspensas) temeu-se que no dia seguinte, o dia da mentira, as pessoas não acreditassem que era coisa séria.
Porque uma DITADURA conviveria o tempo quase todo com o congresso nacional funcionando, aberto, atuando inflamadamente como sua tradição? (Congresso esteve aberto mais de 90% do tempo de vigência do governo revolucionário de 64)
O episódio do fechamento do Congresso Nacional por forças armadas em 1966 foi um momento intempestivo e emocional, devido à provocação do presidente da Câmara num desafio ao executivo, ato hoje impensável, mas plausível para aqueles dias. Nada mais que uma jogada sem repercussão, em que o congresso, fechado em novembro, reabriu em janeiro, para promulgar a nova Constituição de 67. Fechou nos meses de férias, o período tradicional de recesso de fim de ano, e reaberto aprovou democraticamente a nova carta.
Meu Deus, como é possível esquecer o terrorismo nas ruas, bombas, assassinatos e seqüestros de pessoas, de aviões, assaltos a bancos, antes da criação do AI5? Onde é que já se viu uma DITADURA editar um ato institucional cheio de medidas excepcionais, votado no congresso, passados quatro anos do golpe inicial? Impossível negar a existência de vida política no período. O povo recebeu aliviado o AI5.
A maior característica dos governos do PT é a corrupção, roubalheira, o desprezo pelos humildes. A segunda maior é a cara lavada, a mentira, a falsidade oficial. Semvergonhice generalizada, como o comportamento parlamentar visto nesta semana passada para encobrir o envolvimento da Dilma (a conhecida terrorista Dulce Maia) na roubalheira da Petrobrás. A tal Comissão da Verdade é um dos mais evidentes atos falhos: é na verdade a comissão para oficializar a mentira.
50 anos do golpe de 1964. O golpismo era a tônica política na America Latina ameaçada pela foice e o martelo. Todos os movimentos dessa natureza no continente foram tangidos por desejos moralizantes, de cunho religioso, patriótico, familiar e humanista. No caso do Brasil os acontecimentos de meio século atrás estão fazendo muita falta nos dias de hoje, está na hora de um novo golpe: vamos às urnas este ano.
Emerson Ribeiro – médico em Sinop