Frequentemente nos deparamos com notícias sobre a saúde financeira dos brasileiros. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo divulga mensalmente um índice sobre o endividamento das famílias, com base na pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, que em outubro deste ano, apontou que cerca de 60,7% das famílias brasileiras estão endividadas.
Com essa amostra, percebemos que mesmo se avaliarmos o fator crise como elemento contribuinte para esse dado, podemos observar também que quando tratamos de educação financeira, poucas pessoas controlam seus gastos pessoais, têm um orçamento doméstico, e menos ainda são aqueles que direcionam percentuais para reservas e investimentos.
Se indivíduos possuem essa deficiência, será que no ambiente empresarial o cenário é diferente? Segundo dados do Empresômetro, de janeiro de 2016, o Brasil possui 18 milhões de empresas registradas e mais de 90% são de pequeno e médio portes. Dessas, cerca de 70% não possuem um sistema de gestão financeira. E esta é uma realidade que precisa ser mudada.
Se por um lado a prática cultural no país minimiza – ou menospreza – a importância da gestão financeira, por outro, o cenário atual nos aponta que não há mais espaço no mercado competitivo e globalizado para as empresas ‘amadoras’.
No ambiente empresarial a máxima é que todas as empresas, independentemente do tamanho, devem olhar com atenção suas finanças como condição de sobrevivência. O que ocorre é que nem sempre as empresas fazem, com exceção de empresas bem estruturadas, que costumam ter diretrizes financeiras bem definidas e acionistas cobrando resultados.
Comumente observamos erros clássicos das empresas na questão financeira, como: a mistura de contas da pessoa física com a jurídica, retiradas de sócios maiores do que a empresa suporta, mal dimensionamento do capital de giro, desencontro entre prazos pagamentos e recebimentos, sazonalidade entre meses de picos de receitas e de despesas, ou ainda, ausência ou deficiência de controles financeiros básicos (de receitas, despesas e fluxo de caixa).
Não basta apenas apresentar serviços de alto nível e produtos inovadores. É imprescindível ter consciência de que a entrada e a saída de dinheiro precisam ter um controle que possibilite manter o negócio funcionando adequadamente. A falta de um planejamento financeiro é um dos fatores que mais provocam o fechamento de empresas.
Se houver um controle financeiro eficaz, é possível avaliar, por exemplo, como seu capital se movimentou ao longo do ano, fazer comparações com o ano anterior e ainda ter dados concretos para fazer o planejamento de futuro. Essas informações permitem analisar falhas e despesas desnecessárias, além de alternativas de lucro a partir do remanejamento de aplicações.
Você pode descobrir ainda se está prejudicando seus investimentos tirando dinheiro do capital de giro para comprar materiais a mais que ficam parados no estoque. Ou avaliar se, de acordo com o desempenho de vendas de determinada área, daqui a algum tempo poderá haver novas contratações de colaboradores.
O consultor Vicente Falconi diz que todos na empresa precisam focar no financeiro, pois só assim se obtém as melhores decisões em todas as áreas. Esta é sem dúvida uma época do ano perfeita para você observar o que não vem dando certo para poder promover novas estratégias ou ampliar o que se mostrou lucrativo.
Vale a pena pensar na contratação de uma consultoria especializada para implementar uma nova rotina de trabalho pautada no aprimoramento e eficiência dos processos e na boa gestão financeira. Como já diz o ditado, loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual. Vamos pensar sobre isso?
Kelly Nunes, Administradora pela UFMT, especialista em Gestão Estratégica Avançada pela UFMS, Título de Coordenadora em Dinâmica dos Grupos pela SBDG, 23 anos de experiência em gestão empresarial, processos e planejamento estratégico [email protected].