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Gestão Ficha Limpa

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Há mais de meio século o cenário brasileiro tem sido povoado por figuras, eleitas ou nomeadas pelos governantes de plantão, que envergonham nosso país pela forma desonesta como gerem os setores públicos. A corrupção parece que domina a vida política nacional, estadual e local e contribui para o descrédito que a chamada classe política goza junto à população.

Um dos símbolos da corrupção nos idos de cinqüenta e sessenta foi o governador de São Paulo, Ademar de Barros, contra quem brandia sua vassoura o carismático Janio Quadros que teve uma carreira meteórica, de professor a vereador, prefeito, governador e presidente da República, acabando por renunciar e abrir as portas para uma grave crise nacional que iria desaguar na intervenção militar, com renúncia/derrubada de seu vice-presidente João Goulart, já na condição de também presidente da República.

O símbolo de Janio Quadros era uma vassoura e o mote era a limpeza que deveria haver na vida política e administrativa do Brasil As pessoas identificavam-se com Janio Quadros em sua luta para construir um país livre da corrupção. Milhões de pessoas ostentavam orgulhosamente no peito um broche da vassourinha. Durante o período militar, parece que os ratos, travestidos de políticos e gestores públicos escondiam-se nos bueiros da administração pública brasileira. Durante esse período os organismos de informação atuavam de forma implacável e metiam medo em quem ousasse assaltar os cofres públicos com a ousadia de antes ou como acontece na atualidade.

Com a redemocratização além da liberdade de escolha dos governantes pelo voto direto, secreto, também os gestores públicos perderam o temor e passaram a agir de forma desonesta aberta e constante. Tudo isto sob o mano de uma falsa cidadania, de uma falsa democracia, onde os privilégios jurídicos iriam garantir a certeza da impunidade.
O interessante é que a esquerda conseguiu empolgara a opinião pública, principalmente a juventude, levando a grandes manifestações populares, greves monumentais e até mesmo a aventura da luta armada para derrubar a ditadura, simbolizada pelos governos militares. No bojo desse processo acabou sendo fundado o PT, partido que tentou por mais de duas décadas chegar ao poder representando os trabalhadores e as massas excluídas. Durante este tempo por três vezes tentou chegar a Presidência da Republica, em eleições diretas, parecendo que o mesmo era proprietário da ética na política enquanto todos os demais partidos eram considerados burgueses, fascistas, corruptos.

Foi com este discurso que Lula, finalmente chegou aos píncaros da política nacional e com ele a “companheirada” passou a ocupar os principais cargos e funções da administração federal e em vários governos estaduais e municipais. Dilma acabou sendo sua ungida e eleita para dar continuidade ao seu governo. Além da famosa política do pão e circo, também no Governo Lula ocorreram inúmeros escândalos e denuncias de corrupção cujo símbolo maior foi o “mensalão.
Como herança Dilma também recebeu uma administração bastante engessada pela turma que fazia parte da base do governo anterior. Com menos de seis meses veio a tona o caso do enriquecimento do ex-Deputado, ex-ministro da Fazenda de Lula  e um dos grandes articuladores da campanha de Dilma. Não agüentando a pressão da opinião publica e dos meios de comunicação acabou por renunciar mais uma vez a um cargo ministerial, mas ficou devendo explicações de como seu patrimônio aumentou com tanta rapidez enquanto esteve a sombra do poder.

Outra herança maldita que Dilma recebeu foi o Ministério dos Transportes, comandado durante sete anos pelo PR, de porteira fechada, como se costuma dizer. Graças ao espírito destemido e as liberdades de manifestação que goza a imprensa no Brasil, aos poucos o véu que cobria as formas inescrupulosas de gerir bilhões de reais a cada ano vieram à tona e provocaram a derrubada de quase duas dezenas de gestores suspeitos de praticarem atos lesivos ao patrimônio publico ou fazerem vistas grossas com tanta bandalheira e corrupção. Por mais que o Tribunal de Contas da União tivesse alertado o Poder Executivo quanto a desvio de dinheiro publico, obras mal feitas, de péssima qualidade, parece que a Presidência da Republica no período Lula fazia ouvidos moucos.

Foi necessário que a imprensa tornasse públicas tais desvios para que o Governo Dilma percebesse que a passividade e a alienação dos contribuintes e eleitores dessem sinais de indignação e pudessem se manifestar nas ruas e nas próximas eleições, colocando por terra seu governo, arrastando-o para o lamaçal, destruindo sua imagem de gestora competente, durona e honesta.

Mesmo em meio a pressões, inclusive do PT e demais partidos da base aliada, a Presidente da Republica foi firme e determinada deu um “chega pra lá” nos grupos corruptos que atuam na administração federal, rompendo, de forma clara, com a política de deixar como está para ver como fica tão cultivada durante anos. Este deverá ser considerado o momento em que o Governo Dilma assumiu de fato a direção da vida política nacional. Com a maestria de quem não teme romper com companheiros quando se trata de dar um novo rumo na administração pública nacional, Dilma até cunhou um novo símbolo do que pretende daqui para frente. Se a Lei da Ficha Limpa não emplacou e deixou inúmeros políticos sujos livres, Dilma passa a exigir doravante que os gestores públicos, principalmente indicados pelos partidos, caciques ou demais grupos de interesse, tenham duas qualidades fundamentais: competência e ficha limpa.
Se isto for pra valer, os contribuintes, os eleitores e o povo brasileiro só podem elogiar e torcer para que os atuais gestores incompetentes e corruptos que porventura ainda estejam em funções publicam sejam exonerados, para o bem do povo e a felicidade geral da Nação.

Parabéns Presidente Dilma, Valeu!!

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em Sociologia e colaborador de Só Notícias

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