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Estado, caos e violência

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O surgimento do Estado moderno e mais recente  na história o Estado democrático de direito  decorreu da necessidade de estabelecer normas, princípios, legais e também informais, vinculados `as tradições e costumes, para  a boa convivência entre as pessoas e grupos que integram uma determinada sociedade. Até então o que imperava era a vontade dos mais fortes,  mais poderosos  ou até mesmo dos mais violentos e truculentos. Nem precisa dizer que a violência e a chamada justiça com as próprias mãos eram as regras estabelecidas.

Com o advento do Estado  moderno surgiram diversas instituições, incluindo os governos, os sistemas legais  e também os organismos de repressão. Segundo alguns pensadores o Estado estaria sempre a serviço das classes dominantes e  esta dominação é feita através dos aparelhos de repressão,com destaque para a polícia, as forças armadas, o fisco, os  sistemas judiciário  e penal. Tais aparelhos tem  como  aliados os aparelhos ideológicos, (educação e religião) responsáveis pela transmissão da ideologia e dos valores dominantes, como mecanismo de alienção e subordinação da classe trabalhadora e boa parte da classe média.

Assim, para entendermos o que se passa em um determinado país, principalmente quando as manifestações de insatisfação e violência, tanto de cunho social quanto criminal, precisamos procurar  entender como são constituidos os governos e como partidos políticos, mesmo com uma linguagem populista, acabam aparelhando o Estado e colocando-se a serviço dos interesses dos grupos dominantes, gerando  mais exclusão social, mais concentração de renda, mais alienação,  podendo contribuir para o surgimento de um verdadeiro caos social e uma violência incontrolável.
O caso brasileiro não foge `a regra. Ao longo das últimas décadas diversos movimentos sociais reivindicatórios foram surgindo na esteira de um novo ordenamento jurídico que , aparentemente, garante as liberdades democráticas, mas ao mesmo tempo não exclui o uso da força e da repressão por parte do Estado, criminalizando tais movimentos.
Apesar da repressão do  Estado, a cada dia as manifestações estão se tornando mais violentas, demonstrando que existe uma insatisfação com as condições sociais, políticas, econômicas, culturais e também contra a forma como os governantes definem e implementam as políticas públicas.

Existem  dois componentes neste contexto.  O primeiro é a questão da ética ou melhor, a falta de ética por parte dos governantes em relação ao uso do dinheiro público e o segundo é a presença do crime organizado como ator politico, mesmo que não seja reconhecido de direito acaba  sendo de fato.

Assim, para entendermos melhor as manifestações do MST, das várias etnias indígenas,  dos Balck blocs, dos sem teto, dos desalojados por barragens, dos movimentos sindicais e comunitários, das grandes passeatas  de junho/julho de 2013,  dos rolezinhos, do vandalismo que só SP, Rio e outras capitais já queimaram e destruiram mais de 450 ônibus, trens e metros, preciamos ir mais a fundo na forma como o Estado brasileiro e os  governos de plantão nos  planos federal, estaduais e municiapis tem agido em termos de proporcionar aos cidadãos, aos contribuintes, enfim, `a população obras e serviços de qualidade.
Enquanto isto não ocorrer com certeza essas manifestações irão se multiplicar e o nível de violência deverá aumentar muito mais,principalmente tendo em vista que neste ano ocorrerão dois grandes eventos que amplificaram as repercussões nacionais e internacionais dessas manifestações. Refiro-me  aos jogos da Copa da FIFA e as  eleições. Dependendo da  correlação de forças e dos níveis de repressão do Estado/Governo, podem acontecer alguns atentados, inclusive durante comícios eleitorais.
Parece que aos poucos o Brasil  está entrando no circuito internacional da violência generalizada, como há décadas tem acontecido em países africanos, asiáticos e do Oriente Médio. Quem   viver verá!

Juacy da Silva, professor universitário, titular  aposentado UFMT, mestre em sociologia [email protected]

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