Há na política uma máxima antiga e testada provada o reiteradas vezes: não existe espaço vazio!
A prova mais recente dessa lei política acontece nesse momento com o anúncio, ainda que oficioso, do deputado Mauro Savi, líder do Governo na Assembléia Legislativa, de pleitear a vaga de Primeiro Secretário da próxima Mesa Diretora da Casa.
Há pelo menos um ano é conhecida a formação da nova Mesa Diretora. José Riva voltaria para a Presidência, e Sérgio Ricardo trocaria de lugar com ele, assumindo a Primeira Secretaria.
Ocorre que a colocação de seu nome como candidato a prefeito de Cuiabá tornou Sérgio Ricardo muito “pretensioso”, no dizer do governador Blairo Maggi, segundo se viu nos jornais de ontem, e abriu-lhe um flanco perigoso, ao tornar vazio um dos dois postos que postula.
A intenção inicial de Sérgio Ricardo, ao que nos pareceu a todos, de lançar-se candidato a prefeito, mesmo depois de filiar-se ao acordo da Mesa Diretora foi a de tentar garantir seu espaço, transformando a virtual candidatura a prefeito uma moeda de troca. Afinal, o Primeiro Secretário é o ordenador de despesas de um orçamento próximo de R$ 15 milhões mensais. Por esse ângulo, um poder muito melhor e mais cômodo que o de lidar com uma cidade cheia de problemas como Cuiabá, sobretudo tendo que disputar uma eleição para chegar ao posto.
Tá meio confuso né. Vamos desanuviar então. O acordo que levaria Sérgio Ricardo para Primeira Secretaria passaria por seu apoio à candidatura do colega Walter Rabello a prefeito de Cuiabá.
O problema, decerto, é que esse acordo, caso exista de fato, não poderia vazar, porque, ao tornar-se público, criaria um vácuo (o chamado vazio) no PR, que, pelo bem ou pelo mal, é o partido do governador Blairo Maggi e o que mais tem deputados, prefeitos e vereadores em Mato Grosso.
Sérgio não teria, como de fato não tem, o poder de manter seu partido neutro nessa disputa, pela razão exposta acima. Um partido grande como o PR não poderia, como de fato não pode, ser mero expectador da cena política.
Mesmo que venha apoiar uma candidatura de outro partido, como se especula em relação ao apoio dos Republicanos à candidatura de Carlos Abicalil, caso esse seja candidato, essa decisão levaria em conta outros fatores, que não apenas a colocação de um filiado na Primeira Secretaria da AL, até porque há outros quatro filiados do partido lá.
É isso que Mauro Savi e o Palácio Paiaguás enxergaram, e deram um xeque-mate em Sérgio Ricardo: se vai ser mesmo candidato a prefeito de Cuiabá, isto seria suficiente para sua densidade política, e a Primeira Secretaria passaria a outro membro da bancada do PR na Assembléia, a segunda maior da Casa, na atual formação, e a maior, junto com o PP, considerando os titulares licenciados, registre-se.
Se não vai ser candidato a prefeito e quer ficar com a Primeira Secretaria, então renuncie de vez à candidatura à prefeito, e libera o partido para lançar outro nome ou firmar outro acordo com os demais partidos. Ou seja, assim como não há espaço vazio na política, lá também não é possível que um corpo ocupe dois espaços ao mesmo tempo.
Kleber Lima é jornalista pós-graduado em marketing e analista político. E-mail:[email protected].