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Erradas coisas

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Gente! Eleitores da vigésima quarta! Que bandeira foi aquela que os vereadores de Alta Floresta deram na última terça-feira, 31? 20% a menos para vocês e 30% a mais para nós. Que venham a nós, para o nosso acréscimo, os vossos salários, para que sejam feitas as nossas vontades, assim na Câmara como nos bastidores da mesma, amém.
Antes eu me horrorizava com certas coisas. Com coisas erradas que assim fica melhor. Hoje já não me horrorizo mais. Não que eu tenha me acostumado com as canalhices e barbáries de todos os dias. Não. Eu tenho princípios. Não me horrorizo mais porque prezo o meu coração. Melhor tê-lo menos sentimental que portador de algumas safenas – que ainda é cedo.

E os sentimentos eu vou driblando. Quando o escândalo se dá no congresso nacional (que eu faço questão de grafá-lo com letras minúsculas), imagino-o bem distante: Brasília está pra lá de Marrakech. To mentindo Caê? E quando o avião da TAM (Transporte Aéreo da Morte) explode em Congonhas, meu cérebro telegrafa uma mensagem pro meu coraçãozinho que não é de papel, mas também não é de pedra como o do tiozinho lá dos States, da United States of América, da USA que nos usa… Recado é que em Hiroshima, no Japão, a tragédia causada pela Little Boy americana foi pior e foi de propósito e foi há anos. Precisamente sessenta e dois anos neste 6 de agosto. Três dias depois foi a vez de a sua irmã, Nagasaki, ser praticamente detonada pela Fat Man. Se no acidente com o vôo 3054 foi falha humana, Hiroshima e Nagasaki foram maldades humanas. Enquanto o acidente com o Airbus-A320 causou a morte de mais de duzentas pessoas, a Little Boy e a Fat Man simplesmente deletaram do planeta mais de duzentas mil, diferença de “apenas alguns dígitos” em relação ao acidente da TAM.

Quanto ao caos aéreo meu amigo Marcelo tem a resposta: “as filas nos hospitais e pronto-socorros da vida, para atendimento aos pobres, são maiores”. Fazer o quê? Fagner explica: “Quem é rico mora na praia, mas quem trabalha não tem como viajar”, parafraseio-o.
É. Realmente eu argumento (não invento!) um jeitinho pra tudo, pra todas as maldades da vida em prol dos meus batimentos cardíacos. Para o bem o meu abraço, para o mal, e para o mau, o meu desabraço. Dos males e dos maus eu quero distância.
Mas quando a coisa acontece muito próxima, aqui na nossa city, por exemplo, aí o bicho pega e não tem cristo pra dar jeito. Coração não agüenta, sentimento dobra e… E aí fodeceu. Fodeceu de vermelho e amarelo, cores da nossa Bandeira, da Bandeira de Alta Floresta. E que bandeira – retomo a minha inspiração do início deste artigo –, que bandeira foi aquela que os vereadores deram na última terça-feira, 31, numa ordinária sessão extraordinária? Donos do livre arbítrio, eles colocaram 20% para baixo os salários dos funcionários contratados e 30% para cima o salário dos nobres pares, ou seja, o salário deles mesmos. Que suba o salário dos chamados de vossa excelência eu até entendo, com isso meu coração já até se acostumou, mas que abaixe o salário de quem trabalha – e se não trabalha a culpa é do edil do qual o funcionário é assessor –, santa clemência, isso é muita humilhação. Arreda sô. Arreda desta terra de Xangô.
E falando de Xangô, do Xangô de todos nós e da boa Bahia de todos os pais e mães-de-santos, vocês se lembram do “Boca do Inferno”, do Gregório de Mattos e Guerra (1636-1695) do Barroco Brasileiro? Ele tava certo: “De dois ff se compõe esta cidade a meu ver: um furtar, outro f…”. Melhor deixar quieto. Vai que os edis resolvam mexer também no meu salário.

Em tempo: Ao meu lado alguém questiona: “Você checou se todos os vereadores eram favoráveis à redução dos salários dos seus assessores?” Realmente, não chequei. Àqueles que não compactuaram com essa idéia, minhas desculpas e meus parabéns. Aos demais, minha indignação.

*Carlos Alberto de Lima é jornalista em Alta Floresta

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