Estamos nos aproximando das eleições gerais de 2014. Partidos, grupos de interesses , candidatos e a população começam a inquietar-se com as questões que devem constar da agenda política a partir de agora.
A primeira questão foi o fim do prazo para o registro de novos partidos. Com a negativa para que a Rede Sustentabilidade pudesse ser uma opção aos eleitores, denotando que Marina continua a tirar o sono de Dilma, do PT e seus aliados. O susto pela aliança entre Marina e Eduardo Campos foi maior do que as possíveis comemorações no Palácio do Planalto, afinal derrotar uma candidata no tapetão é obra de mestres da política nacional.
Outra questão que vai de fato afligir todo munndo é a articulação para a formação das alianças, coligações e um verdadeiro saco de gatos quando se trata de conjugar alinhamento nacional com o oportunismo e conflitos dos partidos nos Estados. Aí a falta de coerência vai ser a nota dominante. Tal fato é a razão maior para o “toma lá dá cá” que acontece após as eleições e posse, onde a única moeda de troca é o loteamento de cargos entre aliados antigos e “novos” aliados que acabam caindo no colo dos governadores e Presidente da República eleitos. É a hora de pagar a fatura.
O terceiro problema é o desenvolvimento da campanha em si, onde o financiamento, as doações, o caixa dois, a corrupção direta ou indireta já estão correndo soltos. Existe uma grande preocupação com a chamada ficha limpa, ou seja, evitar que candidatos corruptos ou que tenham sido condenados pela justiça não venham a disputar as eleições.
Todavia, a morosidade da Justiça em geral e da Justiça Eleitoral em particular, que as vezes demora quase o tempo de um mandato para julgar casos de denuncias de crimes eleitorais acaba facilitando a vida dos fichas sujas, já que nosso sistema judiciário contém muitas possibilidades de recursos, a maioria de natureza simplesmente protelatória, que contribuem para a impunidade. Basta refletirmos para o que está acontecendo com o escândalo do mensalão, cujas denúncias ocorreram no primeiro mandato de Lula e até hoje os acusados e já “condenados” pelo STF ainda estão soltos, gozando e debochanado da cara dos eleitores e contribuintes brasileiros, reforçando a idéia de que cadeia é para pobre, negros e excluidos, integrantes da elite nacional não podem ir para a cadeia, mas se forem devem ter tratamento cinco estrelas.
O quarto desafio é a construção de um programa de governo. Pela legislação o mesmo deve ser registrado junto a Justiça eleitoral, para que ninguém sabe, depois de eleitos e empossados os candidatos simplesmente esquecem tudo o que prometeram ou incluiram em seus programas e fazem tudo diferente, segundo suas conveniências e acordos eleitorais.
Por exemplo, todo mundo sabe de cor e salteado os grandes desafios nacionais nas áreas da saúde, segurança pública, infra-estrutura, saneamento básico, educação, ciência e tecnologia, lentidão da máquina pública, baixa produtividade da economia, o peso do endividamento público que drena metade do orçamento da união, a corrupção que ao lado da sonegação e das renúncias fiscais desarticulam tanto o setor público quanto o setor privado e outros mais.
Em cada uma dessas áreas basta examinarmos os dados tanto dos institutos de estudos e pesquisas nacionais quanto organismos internacionais para perceber que o rítimo de desenvolvimento nacional está defasado do que acontece no mundo, na Améria Latina e também entre os integrantes dos BRICs, onde o Brasil é o patinho feio.
Há poucos dias o FMI apresentou um relatório de avaliação da economia mundial e o Brasil, apesar dos discursos da Presidente Dilma, do Ministro da Fazenda e outras autoridades da área econômica , está muito mal na foto. No ranking mundial de crescimento do PIB ocupamos a 115a. posição, abaixo de quase todos os países da América Latina e Caribe. O crescimento da economia brasileira durante o governo Dilma, incluindo as projeções para 2013 e 2014, indicam uma média de 2,2%, abaixo das médias mundial 3,4%, dos BRICs 4,1%, da América do Sul 3,0%, da América Latina 3,3%, da África sub-saariana 5,4 e dos emergentes 5,2%.
Sem crescimento econômico não existe possibilidade de desenvolvimento nacional com distribuição de renda, mobilidade social e melhoria das condições de vida da população. Políticas compensatórias e assistencialismo podem ajudar a ganhar eleição mas a longo prazo é um grande engodo.
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia. [email protected] www.professorjuacy.blogspot.com