Já participei de várias eleições da OAB/MT. Desde sempre houve a divisão de grupos, situação e oposição. Ao contrário do entendimento de alguns colegas, penso que há sim lado de lá ou lado de cá. É fato que temos amigos nos vários grupos, situação essa decorrente das relações humanas. Isso se chama democracia.
E não vejo problema algum, passado menos de uma semana das últimas eleições, que falemos da criação de grupos de oposição a uma gestão que sequer iniciou, e muito menos que já se fale em candidatura. Isso é, a meu sentir, salutar.
Também não concordo que se tragam para as eleições da OAB os vícios da velha política partidária. Tenho certeza que é necessário avançar.
Por isso, entendo que devemos acabar com a "boca de urna", com as camisetas no dia da eleição, com a possibilidade de ser candidato sem haver desincompatibilização do cargo que ocupa. Vejam que nesses pontos estamos muito aquém na política de Ordem, já que na partidária tais procedimentos foram banidos.
Para a situação é sempre mais fácil lançar um candidato à sucessão. Basta buscar no grupo já instalado. Para a oposição é sempre mais difícil, pois se está a tratar da pluralidade de ideias. Portanto, a união da oposição em busca de um projeto maior, qual seja o fortalecimento da advocavia, não pode ser visto como "composições oportunistas". Ao contrário, deve ser vista com bons olhos, como fator de amadurecimento, com o desprendimento de egos e eventuais vontades pessoais. Importante registrar que uniões nesse nível, são raras. Dessa forma, um enorme passo foi dado.
Caberá ao candidato eleito, democraticamente diga-se de passagem, realizar os projetos prometidos juntamente com o as pessoas de sua confiança. E fica aqui a nossa torcida. É fato que estamos todos no mesmo barco e que, na verdade, a busca de um cenário melhor para a advocacia deve ser por todos os grupos. No entanto, não podemos esquecer que existir oposição séria, madura e coerente, é imprescindível ao processo democrático. Saber que há uma oposição, ainda mais nesse nível, fará com que a situação saia de uma possível Zona de Conforto. Portanto, os "grupos" sempre existirão e assim deve ser.
Nossa contribuição será a de fiscalizar os atos de gestão, celebrando os acertos e apontando os erros. Fica já a sugestão para que a situação utilize o Plano de Trabalho montado por nós, com a ajuda de inúmeras sugestões de centenas de advogados ouvidos pelo Estado afora, ainda que parcialmente.
As boas ideias devem ser utilizadas. A exemplo: orçamento participativo; assembleias semestrais para aprovação de contas e discussão de temas afetos à classe e à sociedade; fundamentação técnica para a nomeação de cargos de competência da OAB; desincompatibilização de cargos na Ordem para participação de eleições classistas; não participação da diretoria em processos licitatórios; tomada de preços para a contratação de bens e serviços; liberdade para que os advogados possam escolher se querem e onde querem almoçar ao comemorarem seu aniversário; independência para poderem se manifestar sobre as mazelas sociais, cobrando efetivamente o poder público; mapeamento de todos os problemas do judiciário, objetivando a realização de gestão política e outras medidas junto aos poderes, a fim de solucionar tais demandas; e vários outros.
Nos próximos três anos, tenham a certeza de que iremos trabalhar muito em prol da advocavia mato-grossense. Fica aqui a certeza de que é sim importante já falarmos de 2015, através de uma oposição unida, forte, atenta e compromissada com a valorização do advogado.
Quem ganha com isso? Com a palavra, os advogados.
*José Moreno é advogado em Mato Grosso.