Parece que a opinião pública continua anestesiada pela propaganda governamental e pelos arroubos ufanistas dos governantes de plantão desde o tempo dos governos militares do "Brasil potência", do "ninguém segura este país" ou do "Brasil: ame-o ou deixe", até nas diatribes lulistas sobre o "espetáculo do crescimento" e o mesmo discurso de continuidade no atual governo, com o teatrinho da faxina para inglês ver.
Quem ouve os discursos dos mandatários e de seus áulicos (cordeirinhos) da base de sustentaçao política e parlamentar, acaba concluindo que vivemos em um paraiso, igual ao das novelas televisivas. Em nosso país não existe mais miséria, desemprego, violência, degradação ambiental, nossa infra-estrutura é a melhor do mundo, a copa de 2014 vai transformar tudo em um passe de mágica, a corrupção é coisa do passado e quem ainda teima em falar ou escrever sobre este tema está prestando um deserviço ao país, `a democracia, ao estado de direito, é contra os princípios republicanos. Ou seja, se todo mundo anda feliz para que oposição? Vamos imitar o México que durante mais de 70 anos viveu sob o regime de um partido único ou em alguns remanescentes regimes ditadoriais ou até mesmo socialistas onde o povo está tão feliz que nem eleições são realizadas.
Mas de vez em quando algumas mentes consideradas doentias pelos governntes e seu partido majoritário, já que os demais se alimentam das migalhas que caem da mesa deste aparato, ousam dizer que o Rei está nu, que a realidade não é tão cor de rosa assim.
Recentes estudos de instituições governamentais e de entidades independents como IBRE/FGV, trazem a público alguns dados preocupantes. Enquanto o mundo se globalizou, a competição e a competitiviade entre países e grupos empresariais continuam acirradas, nossa economia tem dado sinais de crise. Apesar de o Brasil ser a sétima economia mundial em busca da sexta posição, nossa participação no Mercado internacional é ridículo. Ocupamos a 25a posição nas importações mundiais (1,2%), atraz de todos os parceiros do Bric, Coréia do Sul, Austrália, México e outros mais e a 24a posição em termos de exportação, com 1,3% do total mundial, também atraz dos países ja referidos.
Além dos gargalos representados pela questão cambial, em que o dólar está valorizado na ótica dos exportadores, mas que poderá também afetar o sistema produtivo se o real for desvalorizado demasiadamente, afetando as importações de vários produtos e insumos básicos para a produção e também trigo , petróleo e derivados, não podemos esquecer o chamado custo Brasil.
Neste aspecto, tal custo reflete a excessiva burocracia inficiente, a corrupção alarmante com as propinas que devem ser pagas pelos setores empresariais que depedem do governo para suas atividades, a deterioração da infra-estrutura de transportes, portos, aeroportos, estradas, os custos da energia, que são considerados um dos maiores do mundo, a carga tributária que pesa sobremaneira não apenas nos custos de produção mas também no bolso do contribuinte, a baixa capacidade de popupança interna, os juros extorsivos e o peso astronômico de uma dívida pública (interna e externa) que consume metade da arrecadação federal.
Ai vem a pergunta, como um país com uma gama de problemas estuturais como o Brasil pode se dar ao luxo de praticar uma gestão pública totalmente incompetente e ineficiente em todos os planos: Federaal, estadual e municial? Onde a cada minisro que entra ou sai parece que vai começar tudo de novo, onde não existe políticas públicas de longo prazo, com metas e objetivos claramente definidos. Onde falta articulação política e administrative entre os Entes Públicos. Onde não há continuidade de ação governamental, apesar do continuismo dos mesmos partidos e grupos politicos que não deixam o poder, cujos caciques estão ai desde a chamada ditadura só comendo e mamando nas tetas do Tesouro e do Governo?
Ou seja, de pouco adianta nossos presidents andarem mundo afora como caixeiros viajantes enquanto parlamentares aqui dentro se transformam apenas em despachantes de luxo e o toma lá dá cá ou o "é dando que se recebe" continua como a marca registrada de nossa vida política.
Falar em desindustrializaçao, em competividade internacional, em crescimento sustentáel soa como a mais pura balela. Oxalá nossos netos ou bisnetos tenham melhor sorte do que a atual geração quanto aos seus governantes futuros!
Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia.
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