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E agora José? está sem discurso (…) e tudo mofou !

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A ascensão meteórica de José Pedro Gonçalves Taques foi impulsionada pela sua postura firme e determinada no combater aos chamados “crimes de colarinho branco”, quando exercia o cargo de procurador da República e, posteriormente, pelo seu discurso afiado “em defesa da ética e contra a corrupção”, discurso que foi o carro chefe da mídia hegemônica por ocasião da preparação e da consumação do Golpe parlamentar, empresarial, jurídico e midiático que afastou a presidenta Dilma.

Um componente secundário, mas também importante, foi sua capacidade de “compor com os segmentos econômicos e políticos” tradicionais do Estado, na maioria das vezes fora dos olhos do eleitorado. Até parece que muitos que tinham “culpa no cartório” procuravam aproximar do ex-Procurador, talvez pelo chamado “instinto de sobrevivência”.

Em 2014, quando conquistou o Governo do Estado, além da cantilena da “ética e da moral”, prometia resolver os graves problemas enfrentados pela população, tais como a saúde, educação, segurança pública, infraestrutura, concluir todas as obras inacabadas da Copa, e fazer um Governo Novo que “não iria roubar e nem deixar roubar”.

Outra tática utilizada foi de se apresentar como o “Novo”, como alguém “fora da política”, captando o sentimento dos tais “sem partido”, que entoavam gritos de guerra nas manifestações de junho/julho de 2013, mas em declínio nos dias atuais.

Já na sua posse, escanteia os “caciques da política” e prefere ter ao seu lado (no “dispositivo de honra”) um cacique índio – o Raoni Metuktire, com seu discurso preservacionista, ocasião em que presenciei a chamada “Turma da Botina” engolir a seco a “desfeita”.

Para demonstrar que não era só rompante apresentou uma equipe formada por quadros novos para compor um tal “Governo Técnico”, cujos resultados práticos foram pífios e, em menos de um ano, agora já com uma plumagem e bico de tucano, promoveu uma recomposição do Secretariado, incorporando “figurinhas carimbadas da política” e de “outros carnavais”, traindo assim o seu discurso original.

Na mesma época também surgia o primeiro grande escândalo de corrupção em seu governo – o Caso Seduc, inclusive com a prisão do Secretário Permínio Pinto, para o qual ele declarou “colocar a mão no fogo”. Outros escândalos, casos de corrupção, secretários presos, viraram rotina no “Governo da Transformação!”.

Os ácidos e intrépidos discursos que proferia contra a presidenta Dilma, comprovadamente séria, honesta e cujos únicos “pecados” foi tentar desmontar esquemas de corrupção nas estatais e sua inabilidade política em negocia com os partidos da “Coalizão”, transformou-se num silêncio sepulcral. Nem mesmo as malas de dinheiro destinado ao presidente do seu partido (PSDB), o candidato derrotado Aécio Neves ou as acusações, feitas pelo Procurador Geral Rodrigo Janot, de que o golpista Temer era “Chefe de Quadrilha”, conseguiram sensibilizar o “Dom Pedrito”, ex-vestal da ética e da moral, a fazer uma única manifestação de condenação.

A seguir, a confiança dos aliados foi para os ares, ante a escabrosa “Grampolândia Pantaneira”, que funcionou a todo vapor na antessala do seu Gabinete no Palácio Paiaguás, com envolvimento direto do seu primo e “Homem Forte”, Paulo Taques, então Secretário da Casa Civil.

Com todos esses fatos, o tal discurso da “ética e da moral”, daquele que afirmava que “não iria roubar e nem deixar roubar” e do “Governo Novo sem políticos”, impulsionador de suas duas eleições, ruiu como um castelo de cartas.

Então só lhes restava uma administração competente e realizadora, que fosse capaz de enfrentar os grandes problemas do Estado, conforme também havia prometido em campanha.

Entretanto, neste campo também fracassou. É um governo sem um planejamento estratégico consequente. Ao contrário, mais parece uma biruta de aeroporto que muda de direção ao sabor do vento e que tenta a todo instante justificar sua inoperância culpando seu antecessor – a velha e surrada tática “do retrovisor”, cuja eficácia não dura mais que 6 meses.

Prova cabal dessa falta de planejamento é que a “grande marca” de seu Governo deverá ser a tal “Caravana da Transformação”, uma espécie de maquiagem efêmera em aspectos pontuais que, efetivamente, não resolve em definitivo os graves problemas da população.

E agora, quando se aproxima as eleições, qual discurso usará Pedro Taques para tentar empolgar e novamente angariar o apoio do eleitorado? Quais os partidos estarão dispostos a lhe hipotecar apoio político para garantir sua reeleição? Seu egocentrismo permitirá que ele consiga enxergar que só ocupa o comando do Governo por uma concessão do poder econômico e dos “setores tradicionais da política”, portanto, não passando de um mero “preposto”?

Ou consegue essa “recomposição” ou fatalmente terá o ingrato destino do seu xará “José” do poema do grande Carlos Drummond de Andrada: “Está sem mulher, está sem discurso (…), o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?”

Miranda Muniz – agrônomo, oficial de justiça avaliador federal, dirigente estadual da CTB e do PCdoB;

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