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E a vida continua

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No feriado do aniversário de Cuiabá tive a oportunidade de reler dois livros interessantes: A Marcha da Insensatez, da historiadora Barbara Tuchman, e Elogio da Serenidade, do professor italiano Norberto Bobbio, cujas aulas de filosofia do direito e convicções socialistas democráticas permanecem atuais. As duas obras encerram valiosas lições para o momento que o Brasil atravessa.

A Marcha da Insensatez descreve episódios em que lideranças políticas e militares, por soberba, ambição, incompetência, teimosia ou vaidade, desprezaram bons conselhos e a voz da razão e conduziram seus exércitos e nações à ruína. A historiadora alerta para o grave risco de decisões relevantes serem adotadas a partir de emoções ou interesses individuais e afetarem negativamente uma coletividade. Entre os exemplos narrados, estão as guerras de Tróia e do Vietnã.

O Elogio da Serenidade reúne ensaios que destacam a serenidade como uma das principais virtudes na vida pública, em oposição à prepotência e à arrogância. Bobbio destaca que a serenidade não é uma virtude passiva como a mansuetude, mas ativa e que sobressai no respeito às diferenças de pensamento e conduta. A serenidade não se confunde com a submissão, pois traduz uma firmeza tranquila de opinião, associada à tolerância com as opiniões alheias. Assim, a serenidade é a recusa da violência na política e dos discursos de ódio, vingança e exclusão.

Como em nossa vida pessoal, também na trajetória de uma nação uma crise profunda como a atual deixa as suas cicatrizes. Apesar de dolorosas, elas são necessárias e importantes. Recordam-nos dos nossos tropeços, não para nos martirizar pelos erros cometidos, mas para que os próximos passos sejam mais firmes e seguros. O sofrimento é útil quando nos serve como instrumento de aprendizado e fortalecimento.

Seja qual for o resultado da decisão do Congresso Nacional neste domingo, a vida continua, como nos lembra Francisco Cândido Xavier, na última obra da série iniciada por Nosso Lar. Não há saída fácil, solução mágica ou resultados milagrosos em curto prazo.

Segunda-feira será dia de acordar cedo e iniciar nova semana de trabalho. Será necessário muito esforço, paciência e obstinação para o país reconstruir sua estabilidade política e econômica, restaurar os princípios da responsabilidade fiscal, recuperar a credibilidade internacional e retomar a trajetória de redução das desigualdades sociais e regionais, buscando maior qualidade e efetividade na execução de políticas públicas como educação e saúde. Controlar a inflação, reduzir o desemprego e sanear as contas públicas são objetivos de médio prazo, de realização difícil, porém possível. Nós, brasileiros, já o fizemos antes. Temos capacidade de fazê-lo novamente e, ainda, aprofundar o combate à corrupção e à impunidade. Mas é necessário que a serenidade prevaleça sobre a insensatez e o amor à democracia triunfe sobre as paixões partidárias.

Luiz Henrique Lima – auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT, Graduado em Ciências Econômicas, Especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental, Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.

 

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