Quem teve a paciência de ouvir ou ler os longos discursos de Dilma, que já estão quase iguais aos de Fidel Castro, por ocasião da posse, do recebimento da faixa presidencial e posse dos “novos” ministros, se o fez atentamente, pode constatar inúmeras contradições e muitas omissões, principalmente em relação `a realidade brasileira em que vivemos.
Primeiro, o Brasil “pintado” em seus discursos é a continuação dos discursos de campanha, cheios de auto-elogios e até mesmo meias verdades, dados estatísticos que não correspondem com a realidade, um país imaginário, quase que uma ilha de fantasia. Nada foi dito do caos em que vive a saúde pública, da escalada da violência, da educação de baixa qualidade, do sucateamento das unniversidades federais e do ensino superior em geral; da degradação ambiental; das obras do PAC, da COPA e outras mais, inacabadas e super-faturadas, da deterioração das contas públicas, do aumento da dívida pública, da inflação que teima em não cair, do baixo crescimento econômico, do envolvimento das grandes empreiteiras, cujos dirigentes estão presos por corrupção e que sempre foram os grandes financiadores das campanhas do PT, do PMDB e da maioria dos partidos da base aliada.|
Quanto `a roubalheira da Petrobrás a Presidente se ateve apenas a culpar forças ocultas nacionais e internacionais e nada falou sobre dirigentes corruptos que foram nomeados por Lula, seu criador e antecessor e por Dilma, nada disse sobre o boicote articulado pelo Palácio do Planalto para esvaziar e transformar as duas CPMI e CPI do Senado e Congresso em simulacros, quando não se cansa de dizer que vai combater a corrupção. Ao longo de um ano, Dilma não conseguiu sequer regulamentar Lei aprovada no Congresso para que a corrupção seja combatida de fato e não apenas motivo de discurso em ocaisões especiais.
De participe de movimentos armados que combateram os governos militares, Dilma conseguiu nomear ministros que defendem desde idéias socialistas e revolucionárias, bem a esquerda, até latifundiária e defensora do agronegócio. Seu governo foi leiloado e barganhado com todos os grupos que lhe deram apoio e financiaram a campanha, incluindo aliados derrotados nas urnas em vários estados. Dentro do governo tem grupos que defendem a ocupação de latifundios e até mesmo propriedades produtivas (MST) até representantes da bancada ruralista e do agronegócio, como a ministra da agricultura. Tem gente que defende os indígenas e outros que imaginam que indio atrapalha o progresso e o desenvolvimento. Tem donos de escolas particulares e representantes dos movimentos estudantis e de professorees. Representantes dos donos de hospitais a defensores do SUS, mesmo que este não funcione e esteja sucateado em todos os estados e municípios. De donos de empresas de onibus aos defensores do passe livre e dos pula catracas. Dos banqueiros, que Dilma tanto criticava durante campanha aos endividados clientes da agiotaem institucional. De donos de grandes empreiteiras a defensores do dinheiro púlico, um número bem pequeno.
Neste início de segundo mandato, tem até ministros “tampões”, cuja nomeação é provisória até que alguns suspeitos de envolvimento da operação lava-jato sejam escrutinados pelo Ministério Público e pela Justiça. Tem ministro que confessa não entender nada da área que assume, como o dos Esportes, um lídimo representante de um grande grupo religioso que aos poucos vai se transformando em um partido politico. Tem ministro que imagina que o Brasil deve estar fechado para os avanços científicos e tecnológicos e vai cuirdar dessa mesma área.
Para a área econômica nomeou uma equipe, cujo ministro da Fazenda já trabalhou no Banco Mundial e tem idéias bem mais próximas do neo-liberalismo e do modelo vigente durante a era FHC do que da cartilha do PT, e ao mesmo tempo tem ministros que defendem a implantação de uma reforma agrária de verdade, ampla, massiva e outras politicas públicas bem ao estilo do intervencionismo estatal, com uma marca paternalista e autoritária.
Autoritarismo é, na verdade, uma marca do Lula-petismo e do Governo Dilma. Isto fica bem demonstrado na proposta do novo ministro das comunicações quanto ao que deve vir em breve, a censura e amordaçamento das liberdades de imprensa e de expressão do pensamento, no eufeminsmo de “controle econômico” dos meios de comunicação. O governo Dilma vai fazer de tudo para implantar o mesmo modelo de relação do governo com os meios de comunicação que existe em Cuba, na Venezuela, na Bolívia, na Argentina, na China, no Irã e na Coréia do Norte. Uma imprensa domesticada e financiada pelo governo as custas do dinheiro público, mas a serviço da doutrinação e do endeusamento aos feitos do governo e do partido hegemônico.
Além dessas ações pontuais Dilma fará de tudo para emplacar uma reforma política que permita ao PT consolidar sua hegemonia e seguir os mesmos caminhos do PRI no México, onde ficou por mais de 60 anos no poder e deixou um rastro de corrupção, banditismo e violência que ainda estão destruindo aquele país.
O grande desafio a partir de agora é acompanhar e fiscalizar de perto os passos e as ações deste segundo mandato de Dilma e evitar surpresas nesses próximos quatro anos. Em tempo, a campanha de 2018 já começou e o governo Dilma já está turbinando a candidatura de Lula. Quem viver verá!
Juacy da Sulva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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