Ao remexer no baú dos primeiros anos do Governo Lula, aos poucos a imprensa nacional e internacional vai transmitindo ao público informações e suspeitas de que a aquisição de uma pequena companhia de petróleo no Texas, EUA, pode representar o fio da meada que levará a um dos maiores escândalos da administração pública brasileira, muito maior do que o MENSALÃO, que acabou detonando a outrora cúpula toda-poderosa do PT e levando de roldão várias figuras importantes do cenário políico em passado recente.
O que poderia ter sido encerrado com uma pequena nota explicativa, redigida, `as pressas pela Presidente Dilma, em substituição a um comunicado elaborado pela direção da Petrobrás, acabou como uma bomba relógio colocada no colo da mais alta mandatária do país. Além do enorme prejuizo que a compra da referida refinaria causou `a Petrobrás, valor superior a um bilhão de dólares, vários aspectos tanto das negociações quanto de seus efeitos na vida da empresa estão contribuindo para desgastar a imagem da Presidente, tanto nos aspectos de sua competência e capacidade de gestora quanto de suas resposabilidades legais.
Como Presidente do Conselho de Administraçao da Estatal, pela sua condição de Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma era a responsável direta e maior pelas decisões estratégicas da Petrobrás. Depois de oito anos, o que antes eram apenas ilações acabou sendo cinfirmado por nota redigida e divulgada pela própria Presidente, onde o documento que embasou sua decisão, como Presidente do Conselho, de apenas pouco mais de duas páginas, era falho e incompleto.
Dilma afirmou publicamente que se soubesse das cláusulas leoninas que estavam no contrato de compra da empresa americana, documento este preparado pelo então Diretor da área internacional da Petrobrás, que logo depois deixou esta função para ser director da Petrobrás Distribuidora, não teria aprovado este negócio, que mais se parece como uma grande negociata na história da maior Estatal brasileira, que já chegou a ocupar a ser a 12a. posição no ranking das maiores empresas do mundo e simplesmente despencou para a 120a. posição.
Segundo noticiários recentes o loteamento da Petrábras durante os governos Lula e Dilma, da mesma forma que outras Estatais e Ministérios tem causado perda de eficiência, de competividade, má gestão e denúncias de corrupção. As perdas de valor de Mercado somente da Petrobrás e Eletrobrás podem ser superiores a 100 bilhões de reais.
Há poucas semanas a Câmara Federal, em uma votação que contou com apoio de mais de cem deputados da base do Governo e mais de uma centena de opositores impuseram uma grande derrota ao Governo Dilma ao aprovarem uma comissão externa para acompanhar as investigações sobre pagamento de propina, ou seja, CORRUPÇÃO, em aluguel de plataformas pela PETROBRÁS, além da convocação da Presidente da Estatal e vários ministros para comparecerem `a Câmara e prestarem esclarecimentos sobre a gestão do Governo Dilma.
Com a prisão de um ex-diretor da PETROBRÁS por envolvimento com lavagem de dinheiro e outros delitos na operação lava-jato e a demissão do Diretor de Petrobrás Distribuidora, o mesmo que quando diretor da Petrobrás preparou a nota técnica mal feita “induzindo” a então Ministra-Chefe da Casa Civil `a “decisão equivocada”, o clima politico está esquentando em Brasilia. A oposição, com apoio de vários senadores e deputados, tenta criar uma CPI mista para investigar mais a fundo a caixa preta que acabou virando a Petrobrás e na esteira poderá convocar ex-dirigentes da Estatal, os atuais dirigentes, ministros e até mesmo a Presidente da República.
Há quem diga que a partir de agora Dilma começa a viver seu inferno astral que pode afetar profundamente o processo eleitoral com sua derrota ou outros que imaginam que a Presidente poderá até mesmo sofrer impeachment. Enfim, parece que nuvens pesadas e sinal de tempestade estão se formando em Brasília.
Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia
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