Provavelmente todos nós conhecemos alguém que já pensou, tentou ou chegou a cometer suicídio.É triste, é preocupante, mas é a realidade. O suicídio é um daqueles assuntos que ninguém gosta de falar. É um verdadeiro tabu.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é responsável por 800 mil mortes anualmente e o impacto psicológico e social dessas mortes na família e sociedade é imensurável. No Brasil, a cada 100 mil pessoas, quase sete tiraram a própria vida em 2012, segundo a pesquisa mais recente da OMS. São cerca de 11 mil casos anuais, segundo o Ministério da Saúde. O país é o oitavo com mais episódios no mundo. Além disso, para cada suicídio, podem ter ocorrido mais de 20 outras tentativas que não deram certo. Isso sem contar que muitas pessoas já consideraram fortemente a hipótese.
Por que eu falo esses números que muito nos entristecem?
Porque também segundo a Organização Mundial da Saúde, nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos. Eu sou médico por formação, com pós-graduação em psiquiatria. Sei na prática o poder da informação, de uma conversa, de um atendimento humanizado. É possível prevenir muitos casos quando falamos sobre o tema.
É por isso que hoje é um dia muito importante: o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O dia 10 de setembro é uma data lembrada mundialmente e também é um tipo de chamamento para que as pessoas percebam que podem ser amparadas em momentos difíceis da vida, para que não cheguem a pontos extremos como o suicídio.
É também neste mês que foi criado o Setembro Amarelo pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O intuito é levar informação às pessoas.
Com o mesmo objetivo, na semana passada, tive a honra de presidir sessão solene na Câmara dos Deputados. Representantes do Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos estiveram juntos para chamar atenção para o tema e simbolizar o compromisso com a vida.
Monumentos são iluminados com a cor amarela e diversas ações são realizadas em todo o mundo como passeios ciclísticos, caminhadas e abordagens em locais públicos. À noite, também podemos ver o Congresso Nacional iluminado de amarelo durante todo o mês de setembro.
Os dados de pesquisas, os argumentos, formas de abordagem, eventos, tratamento médico, psicológico, as ideias e reflexões que são colocadas em todas as oportunidades contribuem com a verdadeira intenção do Setembro Amarelo: conscientização e prevenção. Mais que isso: estamos todos engajados e certos de que lutar contra esse tabu salvará muitas vidas.