1. Estamos vivendo os primeiros momentos de uma nova era, caracterizada pela crescente democracia direta, feita pela internet, meios de comunicação e nas ruas. As novas tecnologias permitem essa nova forma de fazer política com mais constância e profundidade. Veio para ficar.
2. As manifestações de rua não foram contra os partidos ou movimentos, como querem alguns, mas contra os oportunismos partidários de aparecerem somente quando o povo já está na rua.
3. As manifestações questionam, sim, a inércia do sistema representativo quando se trata da defesa dos interesses populares: partidos, sindicatos, movimentos sociais organizados, silenciados nos últimos anos por deliberação própria, para não incomodar o governo, ou pela ocupação dos cargos públicos para defesa de interesses pessoais e corporativos, também estão sob o crivo das ruas.
4. Não há risco de ditaduras ou golpes. Quem está nas ruas quer liberdade de expressão porque não se sente expresso e representado nos meios institucionais. A direita – e sua extrema nazista – pode ter pego carona nos acontecimentos, mas é minoritária e não tem força própria nos meios populares. Portanto, muito ao contrário de ditaduras, o povo quer ter voz própria.
5. Não há mais como autoridades públicas esconderem-se sob rótulos ideológicos. Quem não tiver alguma competência administrativa, mesmo que de esquerda, será julgado pelas ruas.
6. A manifestação da rua exige uma revisão das políticas públicas e de desenvolvimento.
O transporte público é o exemplo do momento, menosprezado diante da indústria automobilística do carro individual. Entretanto, a política para recuperar a economia foi pela isenção do IPI para novos veículos particulares. As ruas estão entupidas de carros e o transporte público emperrado. Alguma autoridade um dia terá que enfrentar esse paradoxo. Mas, esse é um paradoxo de um modelo de civilização, não apenas de um governo.
7. Os gastos com obras faraônicas – maioria inútil – doravante estarão sob o crivo da crítica popular, não somente de especialistas ou da mídia convencional. A prática promíscua da relação entre o dinheiro público e as empresas privadas vai estar sob o fogo cerrado com o aumento das informações.
8. As manifestações têm um caráter mais de classe média, mas, se ameaçarem o Bolsa Família, agências bancárias e organismos públicos verão a onda das massas mais pobres da sociedade surgirem praticamente do nada.
9. Nosso povo quer mesmo investimentos em transporte público, saúde, educação, saneamento, etc. Ou as autoridades se debruçam sobre essas exigências com decisão política de implementá-las, ou o povo voltará às ruas na próxima oportunidade.
10. A mídia convencional está mais perplexa que as autoridades públicas. O circo das copas e das olimpíadas acabou. Novas cobranças virão. A mídia também está sob o olhar das ruas.
Irmã Maria Helena Teixeira
Do site www.semamasocialbrasileira.org.br