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Despercídio e meio ambiente

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A realização da conferência da ONU sobre meio ambiente recentemente, a chamada Rio+ 20, deixou frustrados muitos estudiosos e ativistas da area ambiental principalmente porque transferiu para eventos futuros da própria ONU ou de iniciativas dos países em relação ao que de fato deverá ser realizado para "salvar" o planeta.
Um dos temas que pouca atenção vem recebendo nessas conferências e nos dedobramentos das políticas públicas nos diversos países, inclusive no Brasil, é a questão do desperdício nos diversos setores de atividades humanas e na economica nacional e quais os impactos que o mesmo (desperdício) tem sobre o meio ambiente e na "cruzada" do combate `a pobreza.

A sobrevivência do ser humano depende diretamente da capacidade de produção e distribuição de bens e serviços que a cada momento a sociedade e a economia conseguem proporcionar em relação aos alimentos, energia, água e habitação, além, é claro outros setores decorrentes da vida em sociedade.

Esses quatro setores são considerados vitais, apesar de que milhões ou até bilhões de pessoas estão `a margem da economia de Mercado e apenas sobrevivem em condições de miserabilidade e pobreza enquanto uma minoria consome e desperdiça boa parte do que é produzido. Além do aspecto ético, ou seja, a exclusão social e econômica de um lado e o consumismo e a opulência de outro, a forma como os modelos econômicos se desenvolvem causam impactos no meio ambiente, destruindo ou malbaratando recursos que irão fazer falta `as futuras gerações e encarecer sobremaneira os custos de produção.

O desperdício de alimentos no Brasil representa 230 mil toneladas diárias, incluindo o desperdício doméstico, do comércio, da indústria, da agricultura e do transporte. Isto significa que enquanto mais de 14 milhões de pessoas passam fome em nosso país estamos jogando no lixo 8,4 milhoes de toneladas de alimentos por ano, que poderiam alimentar 53 milhões de pessoas. O desperdício no Brasi representa, em alguns casos, até 40% do que é produzido enquanto nos países desenvolvidos não passa de 10%. O valor do desperdício de alimentos no Brasil representa mais de 2,5 bilhoes de reais a cada ano podendo atingir até 8 bilhões de reais segundo alguns analistas.

O tamanho do desperdício significa que poderiamos estar usando a mesma área para agricultura, pecuária ou florestas e ofertando um volume muito maior de produtos com efeito posiivo no preco final ao consumidor e ao mesmo tempo contribuir de forma efetiva para o combate `a fome.

Outro setor onde o desperdício é gritante é a produção e consumo de energia, que também tem grande impacto sobre a disponibilidade de água, áreas inundadas, poluição do ar e outras formas de degradação ambiental. Segundo dados oficiais e também de diversos estudos sobre esta questão o desperdício de energia elétrica, sem considerer as demais fontes, em 2010 chegou a 16 bilhões de reais, estando estimado que em 2012 este valor poderá chegar a 18 bilhões de reais e em 2013 em torno de 50 bilhões. Apenas a título de comparação o desperdício em 2010 equivale ao custo total da construção da usina Belo Monte, ou seja, estamos jogando no lixo uma usina deste porte por ano.

A chamada perda de energia refllete a baixa produtividade de nossa economia, o descaso com os recursos naturais e também financeiros e isto explica, em parte, os altos custos e preços deste insumo, tornando os demais bens e serviços produzidos em noso país muito mais caros do que os produzidos por diversos outros países.
Emu ma próxima oportunidade tentarei destacar mais alguns aspectos dos valores e volumes do desperdício em relação `a água e a construção civil, que estão aumentando a cada dia, principalmente em decorrência da euforia das obras do PAC, da COPA 2014, das Olimpíadas, do aumento da demanda interna e internacional por "commodities" e outros produtos.

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia , colaborador de Só Notícias www.professorjuacy.zip.net
Twitter @profjuacy Email [email protected]

 

 

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