Ignorando vários fatores que resultaram num período de engessamento político, como eleições, posse de governo e Presidência da república, trocas de comandos de órgãos, autarquias e a própria posse da Assembléia Legislativa, os deputados estaduais Emanuel Pinheiro (PR) e Walter Rabelo (PP) voltaram a criticar a Agecopa, responsável pela realização em Cuiabá, de uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 em Mato Grosso. Apresentando um projeto de lei, propondo a Secretaria da Copa, Emanuel não leva em conta que a criação de secretarias é de competência exclusiva do Executivo estadual. O palanque montado pelos parlamentares poderá, de fato, prejudicar o start que está previsto para a Agência, já que as mudanças burocráticas e nomenclatura deverão frear o ritmo da instituição por pelo menos 90 dias.
Demonstrando falta de conhecimento das ações já realizadas pela Agecopa, Walter Rabelo pediu esclarecimentos sobre a implantação da polícia montada – uma das exigências do Comitê Gestor da Copa do Mundo, levantando suspeição de que nada tenha sido feito até o momento, apesar de que as ações que vem sendo empreendidas pela Polícia Militar de Mato Grosso já foram divulgadas pela imprensa, inclusive ganhando um bloco expressivo nos telejornais da TV Centro América (Rede Globo). Nas matérias, a Polícia Militar mostra os animais adquiridos para compor a Polícia Montada, detalhando as técnicas que serão aplicadas no adestramento dos animais, bem como a capacitação dos policiais. Ampliando sua ignorância, Rabelo faz questionamentos duvidando se "vai ter projeto [das obras da Copa], será que vai ter andamento".
Por sua vez, Emanuel Pinheiro enfatiza reiteradamente não ter nada pessoal em relação aos diretores da Agecopa, mas faz ataques que chegam atingir a idoneidade dos diretores [citando como gestão paquiderme], tentando passar para o cidadão que seu partido – o PR – nada tem a ver com a situação a autarquia. A Agecopa foi concebida na gestão do governador Blairo Maggi (PR) e a presidência foi contemplada ao partido de Emanuel, na pessoa do ex-prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, que renunciou ao cargo no ano passado. Diante do quadro, tem se tornado visível a ânsia do PR em retomar o órgão e por trás teria como mentor o presidente do Dnit, Antonio Pagot, amigo pessoal de Sachetti.
"Não podemos brincar com Cuiabá. Nada foi feito, além de gambiarras técnicas" – diz o deputado demonstrando desconhecimento das exigências jurídicas que impõe ao órgão (mesmo que público), como projetos, licenças, elaboração e assinaturas de convênios, com prejuízos maiores em função do período de estagnação política que ocorreu e que vai se prolongar até a realização do carnaval [entre 4 e 13 de março próximo – considerando o funcionamento dos órgãos públicos].
Faltando hoje exatamente 1.199 dias para a realização da Copa do Mundo no Brasil, o discurso proferido pelos dois deputados representa uma séria ameaça a imagem e ao efetivo funcionamento das ações da Agecopa, quando Emanuel cita que "a atual diretoria está se afundando em areia movediça", denunciando que o consórcio Mendes Júnior teria ameaçado cancelar as obras por falta de pagamento. "Como integrante do bloco do governo, Emanuel transita na contra-mão, pois deveria se informar mais e condenar de forma mais justa e correta".
Magoado com o fato de que diretores da Agecopa não compareceram a uma audiência pública requerida por ele para discutir a mobilidade urbana de Cuiabá, Emanuel também não considerou a agenda da autarquia, que na ocasião atendia representantes em nível nacional para tratar, justamente, da realização da Copa do Mundo em Mato Grosso.
Há de se temer que o palanque orquestrado pelos deputados, venha arranhar, em nível nacional, a imagem, a reputação e as ações já empreendidas pelos gestores da Agecopa, diante da velocidade da comunicação nos dias atuais – em nível nacional. O temor é que efetivamente agora, passado o período de sedimentação estrutural e superando o período burocrático, queiram os parlamentares postarem-se na vez de centrífugas, objetivando os louros como salvadores de uma pátria que não não vivia em guerra.
Pior que isso, é constatar que ambos talvez sequer saibam onde fica a sede atual da Agecopa, como também ignoram, por completo que a própria Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso constituiu e existe de fato e de direito, a Comissão de Fiscalização e Acompanhamento dos Trabalhos da Agecopa do Poder Legislativo, composta pelos seguintes membros: Membros titulares: J. Barreto (PR), Luizinho Magalhães (PP), Baiano Filho (PMDB), Luiz Marinho (PTB) e Zeca Viana (PDT). Membros suplentes: Nininho (PR), Ezequiel Fonseca (PP), Nilson Santos (PMDB), Guilherme Maluf (PSDB) e Percival Muniz (PPS).
Será que não é pessoal mesmo essa picuinha?
Alberto Romeu Pereira é jornalista em Cuiabá.