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Desigualdade de gênero e raça

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Duas  das mais comuns e injustas  desigualdades estão relacionadas com o gênero, onde as  mulheres  estão  em desvangatens em comparação  aos homens  em diversos aspectos da vida  e em todos os países; e  de  raça,  onde  os negros  por inúmeras gerações  estiveram na condição de escravos ou foram segregados  e discrimnados na forma de “apartheid”,   como aconteceu no Brasil, nos EUA e na África do Sul.

Por  mais que as sociedades  tenham passado por mudanças e transformações políticas,  econômicas e sociais, as marcas dessas desigualdades, ao lado da desigualdade de salário, de  renda, de oportunidades e de propriedade, determinam o  perfil de classe  e  estamentos nessas sociedades.  De outro lado a desigualdade, no caso de gênero e raça  também  estão diretamente associadas com os níveis de violência contra as mulheres e as pessoas  negras   e pardas.  Em  alguns países essas  formas de desigualdades  eram estabelecidas por Lei. Negros e pardos não podiam, por Lei, frequentar os mesmos lugares de brancos, incluindo estabelecimentos comerciais, igrejas,  escolas, locais de lazer,  transporte público e outros mais.

Não é novidade, por exemplo, que as Leis criminalizavam   e ainda criminalizam, de forma injusta , as pessoas segundo a cor da pele ou o gênero. Isto pode ser visto, por exemplo, em países sob o domínio  religioso islâmico, onde as mulheres sofrem inúmeros tipos de discriminação e castigos  físicos,  ou em outros países, inclusive o Brasil, onde a grande maioria das pessoas condenadas e que cumprem pena nas prisões ,verdadeiras masmorras, são majoritariamente negras e pardas, muito além do percentual da participação das mesmas no conjunto da população.

Dados  recentes do IBGE,relativos aos censos  de 2000  e de 2010  indicam que tanto as mulheres quanto os negros  e pardos  ganham muito menos do que a população masculina  e branca. De  forma  semelhante os níveis educacionais no Brasil tem um “recorte” muito claro em termos de raça/cor  da pele  e gênero,  no ensino superior isto  fica muito evidente.

No  caso do mercado de trabalho, existe  um  exemplo  bem patente  desta forma de desigualdade e discriminação.  Apesar  de  o Brasil  vangloriar-se  tanto de sua Constituição Cidadã (1.988),  ao  estabelecer  direitos e garantias para  as pessoas, principalmente quanto  ao trabalho, nossos legisladores (a  grande  maioria  homens e brancos) simmplesmente deixaram de fora da cobertura constitucional,  a figura do trabalho doméstico, onde a maioria deste contingente é constituido por mulheres   negras,  o grupo mais excluido na sociedade brasileira.
Somente há um ano  foi aprovada, mas ainda não regulamentada em todos os seus aspectos, a PEC (Projeto de Emenda Constitucional),  das domésticas, demonstrando que apesar  te termos uma mulher  na Presidência da República e durante o governo de seu criador e antecessor  ter sido criada a Secretaria Nacional para a Igualdade Racial e de Gênero, pouca coisa  mudou em relação  ao trabalho doméstico. A  grande maioria continua trabalhando sem carteira assinada, ganhando  as vezes menos ou no máximo um salário mínimo, sem  creches para deixarem seus filhos enquanto trabalham,  morando nas áreas periféricas das cidades e regiões metropolitanas, onde convivem diariamente com a violência  generalizada e a violência contra  as mulheres em particular,  incluido estupros e  outros crimes.

Apesar  das mulheres  terem   “avançado”  no  aspecto educacional, continuam ganhando muito menos do que os homens.  Em termos de salário e renda, a hierarquia no Brasil coloca o homem  branco   no topo, seguindo-se a mulher  branca, depois, bem abaixo na escala social  vem  o homem negro  e, finalmente,  a mulher negra.  Quando  a  desagregação dos dados é feita  segundo o local de residência,   as  regiões Norte e Nordeste  e a área rural  passam a apresentar  uma desigualdade  em relação ao meio urbano e `as demais regiões ( Sul, Sudeste e Centro-Oeste).  A  maior desigualdade  considerando todos os aspectos sociais  econômicos  é  entre a  mulher negra, residente na zona rural do nordeste e o homem branco,   residente na área urbana  dos Estados mais desenvolvidos do centro-sul do país.
Por  essas  razões é que os programas assistencialisstas do governo tem nesses segmentos e regiões   a  maioria de seus/suas clientes, porém os dados do IBGE  referidos demonstram que no aspecto geral  a participação das mulhres   em relação aos homens  teve uma pequena melhora entre  2000  e 2010.  No entanto, nas  regiões Norte e Nordeste,   o salário  e renda  das mulheres  em  relação aos homens piorou de 2%  a  4%, apesar  do Bolsa Familia.

Este é  o grande desafio dos novos governos,   definir políticas públicas que possibilitem  uma profunda  transformação nas relações  econômicas, sociais e de  trabalho, salário e renda. Sem isto, de pouco adianta  distribuir migalhas, que  na  verdade ajudam apenas a  manutenção do “status quo”.

Juacy da Silva – professor  universitário,  titular e  aposentado  UFMT,  mestre  em sociologia
[email protected] 
www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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