Ontem vivenciamos mais uma festa democrática em todo o país. As eleições são a máxima manifestação do exercício da cidadania através do sufrágio universal. Mas será mesmo? Pelo que pudemos ver a mesma novela odiosa se repete todos os anos eleitorais.
Mesmo com a criação de mecanismos legais voltados ao combate ao abuso do poder econômico a verdade é uma só: via de regra, ganha eleição quem tem dinheiro.
Logicamente que, como toda regra, exceções existem, todavia, é nas maiores cidades que o abuso do poder econômico acontece de forma absurda. Os mandatos são comprados! As propostas ficam em segundo plano. O que vale mesmo no jogo eleitoral é a política do toma lá dá cá. Toma lá o voto dá cá o dinheiro.
Pior do que saber que os maus políticos compram votos é ter a certeza de que sempre existirá quem está disposto a vendê-lo.
A democracia brasileira está engatinhando quando o assunto é consciência.
Existe um mercado paralelo e obscuro da compra de apoio político e de votos.
Enquanto tal situação assim for evidenciada não poderemos dizer que vivemos em uma democracia de verdade.
Numa democracia de verdade o voto não é comprado, não precisamente por não ter quem o queira comprar, mas sim porque não existe oferta de venda no mercado sujo e obscuro da má política.
Infelizmente me parece que a solução está longe de ser encontrada. Por enquanto o que continuará a vigorar é o poder do dinheiro e não a prevalência das boas e bem intencionadas propostas. Daí indago: existe democracia sob essas balizas?
Carlos Frederick é advogado em Cuiabá.