Faltam pouco mais de seis meses para os brasileiros cumprirem mais uma de nossas inúmeras leis que organizam nosso sistema de vida: o voto. O voto é o instrumento que solidifica a posição de país democrático e autentica o cidadão eleito a representar a nação que o considerou confiável e apto para exercer o cargo. Na teoria, esta ferramenta é incontestável. Mas na prática, a maneira que as eleições são conduzidas pelas autoridades políticas e partidos contraria o princípio democrático e claro, avalizados pela população habilitada a votar.
É verdade que vagarosamente o sistema político vem evoluindo. Em 2012 depois de muito "debate" (sinônimo de negociata nesses meios) no Congresso e na Justiça, a lei da Ficha Limpa foi aprovada e significa menos políticos corruptos na próxima eleição. A maior vitória na Lei foi que projeto saiu de iniciativa popular, tendo mais de 2 milhões de assinaturas. Seria muito importante que todos os assuntos pertinentes a vida dos brasileiros tivesse mais a iniciativa popular, ou ao menos, que a fiscalização dos nossos eleitos fosse realizada de uma forma mais completa. Certamente, na hora de votarmos teríamos mais certeza se queremos continuar com o atual modelo, se a oposição tem condições de oferecer um gerenciamento melhor das questões públicas, se os legisladores estão cumprindo com suas obrigações sem o benefício próprio e por aí vai. Teremos, assim, a famosa consciência política na hora do voto.
Talvez questionaríamos mais as campanhas eleitorais mágicas, na qual tudo tem solução fácil. Avaliaríamos os políticos que estão há anos no emprego fácil e que nunca tentaram cumprir 5% do que prometem. Outros que sequer dedicam-se ao cargo, que não aparecem no trabalho, que empregam amigos e parentes, que recebem propina para aprovar projetos, que montam esquemas em licitações e muitas outras atitudes que ferem a democracia. Eleitores, já pensaram em saber quanto se gasta (o certo seria quanto se investe, pois a maioria das vezes é um negócio) numa campanha política? Por que se briga tanto? Será que o porquê de se investir tantos milhões numa campanha é somente para trabalhar pela população?
Vamos abrir os olhos para nossa política em todas as esferas. Sugiro uma espécie de Big Brother de quatro anos, olhando tudo que aqueles que confiamos estão fazendo. Visite os órgãos públicos, procure saber o que está acontecendo na sua cidade, participe de debates, opine, fiscalize, seja cidadão por inteiro e não acredite que só votar estará contribuindo para o país. Agindo dessa forma, certamente no futuro nosso poder político será mais honesto, transparente e responsável, pois quando o movimento popular resolver participar de fato e de forma coletiva, aí sim poderemos nos intitular um país verdadeiramente democrático e digno de se viver.
Cleber Nunes é diretor da empresa Perfil UP em Sorriso