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Defesa econômica e soberania

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Por ocasião de seu discurso na Abertura dos trabalhos da 68a. Assembléia Geral da ONU, realizada na última semana em New York, a Presidente Dilma enfatizou suas críticas aos EUA quanto `a espionagem que aquele país supostamente tem feito em relação ao Brasil. Este foi mais um desdobramento de uma tentativa de fabricar uma crise diplomática com os EUA, incluindo o cancelamento da visita de Estado que a mesma faria neste mês.

Por diversas vezes em seu discurso a Presidente relacionou a espionagem cibernética aos direitos humanos e a soberania nacional. Parece que na visão da mesma espionagem é algo raro e recente nas relacões internacionais e que apenas os EUA realizam essas atividades. Alguém precisa dizer a nossa Presidente que a função precípua da KGB (Rússia), do Mossad(Israel),dos servicos secretos e inteligência da China, da Inglaterra e dos demais países desenvolvidos e vários em desenvolvimento, incluindo o Brasil com a ABIN, sucessora do antigo SNI, é coletar informes, informações tanto no âmbito interno quanto externo e oferecer condições para que as autoridades, principalmente quem ocupa o mais alto cargo de direção de cada país possam decidir, conhecendo todas as facetas da realidade.

Isto é o que fazem os organimos de inteligência do mundo todo, incluindo os que integram o sistema de inteligência americano, onde a cada ano são investidos mais de 140 bilhões de dólares em segurança e defesa cibernética, enquanto o Brasil investe pouco mais de 90 milhões, razão pela qual nossos sistemas de inteligência e de defesa cibernéticos não dispõem de meios e "expertise" sequer para idenfificar que os email e comunicação da Presidência da República e das companhias estatais como o Petrobrás podem ser objetivo de espionagem política e commercial.

Parece que a proposta apresnetada pela presidente Dilma no sentido de uma governança do espaço cibernético, a ser exercido pela ONU não empolgou os chefes de governos e de estado que participaram da Assembléia Geral da ONU que estavam mais preocupados com as questões dos conflitos no Oriente Médio e outros temas que já vem sedo objeto das últimas assembléias, incluindo questões ambientais e comerciais.

Talvez o tema proposto e o aguçamento de um conflito de interesses entre Brasil e EUA sejam de grande utilidade para a campanha eleitoral e poucos resultados práticos serão colhidos nesses foruns internacionais. De outro lado, existem outros aspectos muito mais sérios em nosso país e que afetam nossa soberania de forma mais direta do que a denuncia de que os serviços de inteligência americanos estejam bibilhotando os email da presidente ou os segredos de polichinelo da Petrobras, cujo valor patrimonial sofreu perda de mais de 212,9 bilhões em três anos de Governo Dilma.
Em 2010 a Petrobras reforçou a capitalização com 120,2 bilhões de reais do BNDES e Mercado acionário. Naquele ano a maior estatal brasileira, que a presidente ficou furiosa pela suposta espionage, americana, era a terceira maior empresa petrolífera mundial e com seu patrimônio caindo de 453,8 bilhões de reais em 2010 para 240,9 bilhões em agosto de 2013, despencou para a décima posição entre as empresas petrolíferas mundiais.

Com certeza esta queda é muito mais decorrente do aparelhamento politico e partidário da empresa e pela gestão nem sempre eficiente do que por estar sendo espionada por governos estramgeiros. Ao lado da questão da gestão das empresas estatais, um outro fator afeta muito mais a nossa soberania do que a espionagem cibernética. Refiro `a desnacionalização acelerada de nossa economia, onde a cada dia o país perde mais o controlee m setores vitais e estratégicos.
Entre 2004 e 2012 (Governos Lula e Dilma) nada menos do que 1.296 grandes e médias empresas de capital genuinamente nacional foram adquiridas ou incorportados por empresas multinacionais, das quais 70% americanas e o restante européias, japonesas, canadenses e algumas da América Latina, China e até da África do Sul.
No mesmo periodo a remessa de lucros das empresas multinacionais atuantes no Brasil representou 410 bilhões de dólares, muito mais do que os investimentos diretos oriundos do exterior, complementado pelo fato de que 40% do comércio internacional do Brsil (importações e exportações) são feitos entre empresas multiacionais instaladas no Brasil e suas matrizes no exterior.
Esse processo de desnacioalização e também de desindustrialização está facilitando a formação de grandes oligopólios em vários setores com prejuizos diretos aos consumidores nacionais. Esses aspectos não preocupam a Presidente Dilma, o PT e nem os demais partidos que fazem parte de seu governo.
Concluindo, se a Presidente anda tão preocupada com a questão da soberania nacional e os direitos humanos, onde os direitos do consumidor também estão incluindos, talvez seja o momento de deixar de jogar para a platéia e abrir um debate nacional sobre a questão da defesa da economia nacional, antes que o Brasil volte a condição de colônia dos países desenvolvidos.

Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT

 

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