Desde que foi eleito para o Senado, o atual governador de MT, Pedro Taques, vinha demonstrando que não se sentia confortável em estar filiado ao PDT, partido que fazia e continua fazendo parte da base de sustentação do Governo Lula/Dilma. Este desconforto era manifestado pela postura do então senador Pedro Tanques, que na maioria das vezes votava com a oposição e era um crítico severo dos “mal feitos”, como diz a Presidente Dilma, ou corrupção como todos percebem, que tem caracterizado o governo federal.
Ao longo dos últimos quatro anos e meio o Governo Dilma teve que demitir diversos ministros e ocupantes do segundo escalão por terem os mesmos sido denunciados por atos de corrupção. A postura ética e em defesa do espírito democrático e republicano que muito bem tem caracterizado a vida ao governador parece que era e continua sendo um fator que o distanciava tanto do PDT quanto do Governo Dilma.
Esse mal estar foi consolidado quando das eleições para governador em Mato Grosso. A candidatura Pedro Taques foi abraçada pelo PDT e por diversos outros partidos como o PSB, PV, PTB, SD, PR, DEM, PSDB e outros mais que, com excessão do PDT e PR, estavam muito mais aliados com as forças de oposição ao governo federal e ao grupo do que com os donos do poder em Brasília e em nosso Estado.
Do outro lado estavam os dois maiores partidos que durante doze anos se apoderaram do poder a nível nacional e em Mato Grosso. Refiro-me ao PT e PMDB, secundados por outras siglas de menor expressão como o PROS e outras mais.
Coerente com seu discurso e seus valores éticos e morais e com um discurso em defesa da moralidade e da eficiência do setor publico, Taques encontrou terreno fértil junto aos eleitores de MT que estavam muito decepcionados com a mediocridade e os descaminhos que marcaram a administração estadual durante mais de uma década. Tanto isto é verdade que conseguiu eleger-se em primeiro turno e lançando as bases para a formação de um novo bloco de poder em nosso Estado.
Durante as eleições , tanto as municipais de 2012 quanto as estaduais de 2014, os representantes dos atuais donos do poder, tanto em Brasília quanto em MT, pregavam a idéia do alinhamento entre os tres níveis de governo: Federal, estadual e municipal. Esta tese, que tem se mostrado equivocada, sugere que os eleitores votem em candidatos que sejam dos mesmos partidos, de preferência os que detém a hegemonia na base de sustentação: PT e PMDB.
Ao escolher Taques para Governador em MT, da mesma forma que em diversos estados, os eleitores demonstraram que os recursos públicos não são de propriedade do PT, do PMDB , do Governo Federal ou de quem quer que esteja no poder, momentaneamente, mas sim devem ser usados com ética, transparência, eficiência e atender `as aspirações e necessidades do povo.
Diante desses fatos e tendo em vista que o STF, com sua decisão recente, abriu uma janela, para que os detendores de mandatos majoritários possam mudar de partidos sem o risco da perda de mandato, diversos senadores e governadores estão trocando de sigla. Vários como os irmãos Gomes do Ceará, do senador Blairo Maggi, da Senadora Marta Suplicy, estão trocando de partidos, mas permanecem na base do governo Dilma/LULA/PT, ou seja, vão continuar dizendo amém para tudo que tem marcado este grupo de Poder: corrupção, escândalos, ineficiência, incoerência e crises.
Ao decidir-se pelo PSDB, com certeza Pedro Taques demonstrou coragem ao saber que sua vida como governador não será nada fácil, pois irá se confrontar com práticas de compadrio, fisiologismo e falta de racionalidade por parte do Governo Federal.
De outro lado sua decisão também pode ser considerada como inteligente, ou seja, demonstra uma visão estratégica de longo prazo, cujo marco inicial serão as eleições de 2016 e 2018 e um horizonte mais amplo no futuro. Ao transferir-se para um partido que representa o núcleo central da oposição ao projeto de poder do PT, Taques levará consigo prefeitos, vereadores e outros quadros para o novo partido, fortalecendo o PSDB em Mato Grosso e estará se credenciando para voos mais altos nos próximos anos. Esta mudança terá repercussão profunda no cenário politico de MT e também fortalece o PSDB a nível nacional.
Juacy da Silval, professor universitário, fundador e titular UFMT, mestre em Sociologia [email protected]
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