Casas Revisoras do sistema bicameral, Senado e Câmara respectivamente representam os estados e a população. Cada unidade federativa elege três senadores e pelo critério representativo proporcional os estados formam suas bancadas de deputados – são 513. São Paulo com 70, Minas 53, Rio 46, Bahia 39 e nós com apenas oito.
O princípio da igualdade federativa é assegurado pelo Senado. Enfraquecido na Câmara, Mato Grosso tem que recorrer à chamada Câmara Alta, por suas demandas e a defesa dos preceitos federativos constitucionais que a União teima em quebrar.
O Senado ganha ainda mais relevância diante da balbúrdia do Estado Brasileiro, que gasta muito e mal, assegura feudos com nichos de benesses e se equilibra numa corda bamba administrativa confusa, burocrática e facilitadora da corrupção.
No sábado, 21, em Água Boa, no Megaleilão da Estância Bahia, a população delirou quando o senador Wellington Fagundes anunciou que conseguiu autorização junto ao Ministério dos Transportes para a iluminação da BR-158 na travessia urbana local. Na terça-feira, 24, o Diário Oficial da União publicou a ordem de serviço de R$ 1,315 milhão. Longe do glamour das entrevistas, sem a paixão ideológica que costuma superar a razão, Mato Grosso precisa de senadores pé no chão, que façam valer seus mandatos por nossas demandas que o emaranhado do Planalto teima em desconsiderar ou travar, como no caso de Água Boa, que há anos espera por essa obra.
No cenário da disputa das duas vagas de senador, que a cada dia mais e mais ganha forma, surgem duas senhoras. A juíza aposentada Selma Rosane e a ex-reitora da UFMT Maria Lúcia. Não vejo em nenhuma o perfil que precisamos no Senado. A primeira quer uma carabina 44 nas mãos dos fazendeiros para defesa de suas terras. A outra vaga no campo ideológico de esquerda sempre preparando o cadafalso para o empresariado do agronegócio.
Voto se define intimamente. Suas consequências dependerão de quem os recebeu. O longo mandato no Senado não pode ser perdido nem exercido na contramão da nossa realidade regional. Hoje, além de exclui-las, não saberia em quem votar. Não que tente encontrar duas figuras castas movidas pela nobreza dos sentimentos para receber meu “sim” na urna. Mas, pelo menos, com decente histórico político e que não tenham feito fortunas misteriosas.
O Senado é nosso Calcanhar de Aquiles. Mato Grosso com perfil exportador de commodities agrícolas enfrenta barreiras externas e pressões internas. Diante da nossa realidade é preciso que tenhamos políticos que enfrentem a Avenida Paulista, o sulismo, o Brasil litorâneo e a aluvião nordestina. Não é hora de delírios por Bolsonaro e Maduro. Sejamos sensatos.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Cuiabá
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