Na sexta-feira cobri a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ipase, em Várzea Grande. Vi o corte da fita pelos políticos que se sentem verdadeiros pais daquela obra. Atento escutei cinco longos discursos destacando sua importância para a população da região. No palanque não havia um petista sequer e na multidão também, não.
A inauguração da UPA reforçou minha convicção sobre a irreversível morte política do PT em Mato Grosso por falta de legitimidade de suas figuras públicas a começar por Ságuas Moraes, Altir Peruzzo, Lúdio Cabral, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, dirigentes partidários e ex-detentores de mandatos eletivos, sem exceção.
Onde estavam os petistas quando a UPA foi inaugurada por Pedro Taques, Jayme Campos, Eduardo Botelho, Eduardo Bermudez e Luiz Soares? Onde andavam os companheiros, que não deram o ar da graça nesse momento de escassez de obras públicas e que Várzea Grande e adjacências ganharam aquela importante unidade de pronta resposta na esfera da saúde pública? Onde estavam os líderes das bandeiras vermelhas que não foram até o Ipase prá dizer a Mato Grosso que aquilo ali foi construído pela presidente afastada Dilma Rousseff?
Pobre Ságuas, pobre Altir, pobre Lúdio, que politicamente não enxergam além do umbigo. Eles e outros companheiros de Lula nesta abençoadas e ensolarada terra levarão para a aposentadoria política a incômoda responsabilidade pelo garroteamento do PT que tão bem os acolheu e (ainda) os alimenta.
Não se explica a apatia da cúpula petista no episódio da UPA. Estamos em período eleitoral, com Dilma e Lula sangrando em Brasília. Era de se esperar que os caciques do PT fossem pra Várzea Grande e mostrassem ao povo que a UPA não tem pais, que apenas tem mãe.
Esse partido de omissos está sem bandeira para mobilizar a opinião pública em Mato Grosso. A única voz petista que se ouve é a do Sintep (filhote do PT) que está nas ruas brigando por concurso público e pagamento integral da RGA, mas ela isoladamente é fraca pra tirar o partido do buraco.
Enquanto o PT se cala, políticos de outros partidos assumem paternidade de suas obras. Foi isso que vi na UPA, onde Pedro Taques se fez passar por governador empenhando em melhorar a saúde pública. Taques anunciou que mensalmente repassará um milhão de reais para a UPA. Não acreditei nas palavras de Taques, pois sei que na verdade ele sequer repassa os montantes previstos ao funcionamento dos hospitais regionais – observem que estamos com hospitais regionais fechados por falta de pagamento a médicos – e (de tão poderoso) se sentiu no direito de levar humildes cidadãos da região de Barra do Bugres a fazerem cirurgias de cataratas no parque de exposições agropecuárias daquela cidade.
Nunca votei em petistas. Jamais escrevi favoravelmente ao PT, mas nem por isso me atrevo a tirar seus méritos em Mato Grosso, pois é dele o mais abrangente programa social nesta terra de Rondon, de Varjão, Roberto Campos, Padre Lothar, Coronel Meirelles, Dilma Berixá, Sarita Baracat, Ênio Pipino, Norberto Schwantes, Irmã Adelis e da bela Bruna Viola. Lula e Dilma levaram energia a mais de 172 mil casas (de patrões e peões) em todas as propriedades rurais mato-grossenses pelo programa Luz para Todos.
Com o Luz para Todos Mato Grosso exorcizou as trevas na zona rural, melhorou a qualidade de vida e reduziu o êxodo rural, além, é claro, de abrir janelas para o aproveitamento da energia para resfriamento de leite, armazenagem de embutidos e etc.
Os petistas, menos inteligentes – se me permitem – fingem que o Luz para Todos não existe, que a UPA do Ipase é utópica. Essas mesmas figuras ocupam seu tempo lambendo ONGs não recomendáveis, criticando os adversários do PT e no desfrute de suas funções.
Aproveitando o momento olímpico digo que esses pobres petistas por mais que sejam preparados para o exercício da oposição não sabem ser situação. Digo mais, sua prática política deixa a entender que se cacique do PT disputar corrida sozinho chega em segundo lugar.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Mato Grosso