Aqui em Sinop nós, dos movimentos sociais, estamos estarrecidos-indignados. Nada mais parecia poder afetar Nilson Leitão. Enquanto administrador privado é de causar admiração aos melhores estudiosos e profissionais da área. Era, em menos de duas décadas, um alegre pintor de paredes e, agora, habita entre os “homens de muitos bens” desta região. Enquanto administrador público é praticante do nepotismo, autoritarismo e de um triste princípio burguês: a exploração do homem pelo homem. Agora-burguês, com “carisma” suficiente para agregar muitos construiu uma rede de relações/apoiadores que, até a Op. Navalha, parecia inabalável. Nas igrejas se convertia. Nas escolas/universidades as vozes silenciadas pelos pasteizinhos, rifinhas, binguinhos, festinhas e/ou cisma de perder o colaborador, corroboradas pela desagregação sindical iniciada na gestão FHC e mantida nos atuais governos Leitão/Blairo/Lula elevaram-no a prefeito categoria educacional medíocre sendo até premiado por isto. Na justiça nunca teve problemas que seus competentes advogados não resolvessem. Na mídia, em sua grande maioria propriedade privada burguesa, poucas preocupações ofereceu-lhe: debates educativos, perspectivas participativas, coletividade, igualdade de direitos, quase nada é programado e, assim, nada é questionado massivamente e sua imagem habilmente preservada.
Por tudo isto, estamos verdadeiramente surpresos e as notícias caem feito bombas de gás. Estamos, também muito indignados. Desde a Operação Curupira que a elite econômico-político desta cidade vem arrebentando com Sinop. Será que os trabalhadores desta cidade ainda terão que ouvir a gozação de que trabalharam uma vida inteira para construir a “Capital da Corrupção”? De nossa parte estamos lutando para que sejamos vistos como um povo que não aceitará “pizzas” no final. Nossa indignação não deverá nos deixar cabisbaixos, mas sim confiantes de que este momento pode ser o início da preparação de um novo tempo para todos nós, trabalhadores e movimentos sociais, em Sinop. É um ótimo momento de análise de nossas práticas sociais e coletivas neste município. É um bom momento para exercitarmos nossa inteligência e nossa capacidade de sermos gente de direitos. Enfim, estamos surpresos, indignados, mas, principalmente de alma lavada. Filhos de Santo após a lavagem da escadaria!
Maria Ivonete de Souza
Professora e Coordenadora do Projeto Estudos Afro-brasileiros
Vice-presidente da ADUNEMAT