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Cuidado para não desaprenderem com a internet

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‘Karamba’! Ou seria ‘Karãba’! Importante é que seja com K, com K de ‘kaza’. A Xuxa queria que tudo que tivesse som de X fosse escrito com X, até chuchu se eu não estou enganado. Imaginem ‘xuxu’ (sem ou com acento?) dando na ‘cerka’ e fazendo inveja àquela senhora num restaurante que, desafiada pelo marido (parafraseei de um blog) a dizer algo que simplesmente pudesse fazê-lo alegre e triste ao mesmo tempo, foi rápida no gatilho: “Seu membro é o maior de toda a vizinhança”. O cafajeste (cafageste!) que queria ver a esposa pagando um mico, acabou pagando dois. Derramou vinho na camisa (camiza) que não era cor de vinho enquanto os amigos, estampas cor da alegria, se derramavam em ‘rizadas’, porque ‘rizada’ é com Z e tudo que tiver som de Z vai ter que ser com Z, assim como ‘abakate’ é com ‘kaska’ e ponto. O ponto é o ‘karoço’.
Agora essa tal de internet, sem querer querendo, como diria o Chaves (ou ‘xaves’, molho de ‘xaves’) ensinando-nos a usar (escrevi usar com Z, quem mudou foi um programa ‘kareta’ que está instalado neste PC) adequadamente os fonemas. Valeu. Ou ‘vlw’, como me ensinou (encinou) minha amiga Fernanda, da qual me tornei discípulo que na bíblia é sinônimo de apóstolo.

Entrei num site para observar o mercado financeiro e, acreditem, estava lá: “@ do boi gordo”. Depois de um bom período lecionando Língua Portuguesa e Literatura Brasileira estou adorando isso tudo. Sem aquelas ‘karetices’ de ter que por – mesmo nesse pôr – acento. Acento nisso, acento ‘nakilo’ e acento ‘nakilotro’. Eu que vivia corrigindo pessoal do jornal escrevendo quilômetro com ‘K’, agora não vou me dar mais ao trabalho e vou me ‘ex-no-bar’, no bar que eu continuo indo. Agora vai ser ‘kilômetros’ quadrado (cuadrado) porque a regra do singular e plural também foi para o espaço e perdeu espaço na Net. Aquela professora lá de riba, lá do bairro ‘Cidade Arta’, como ela diz, acrescentando: “esses meus aluno são terrível”, também deve estar adorando. Afinal 30 anos lecionando Língua ‘Portugueza’, pra ela sempre foi um sacrifício, um martírio, uma chaga (xaga) de cristo.

E não adianta consultar o google que ele confirma tudo o que já tenha sido escrito antes. Esse texto, por exemplo, se eu colocá-lo na rede vira peixe (pexi). Quando alguém quiser (quizer) saber se é ‘quizer’ com Z ou quiser com S, as duas formas aparecerão em ‘frazes’ (sic, porque sic ainda e ‘xiki’) distintas e dadas como certas, ou ‘sertas’? Agora bateu dúvida!
Enquanto isso no meio do G-8, no meio do grupo dos oito ‘paízes luzófonos’, rola uma história, em que ‘pezam’ contrários e favoráveis, para uma padronização da língua. No ‘Brazil’ a “paralizia” é geral e o agito é parado. Sopa de letra do jeito (geito) que vier a gente ‘trassa’. A gente só num traça Ç (cecedilha) porque ‘inrroska’ na garganta e ‘riska’ o ‘zóio’ que ‘xora’. ‘Zóio’ é plural de ‘oio’ ou de sua variante ‘oi’. Por isso daquela história ridícula de que uma jovem pediu a um garoto, cujos ascendentes vieram do oriente médio, que lhe desse um ‘oi’, o terroristazinho foi logo arrancando um dos olhos. Credo. Cruzes e credos. Credo em Deus e ao padre! Sem intenção de ofender ninguém, foi só pra ilustrar. A benção.

Aqui é na base da ‘catiguria’. Pra ‘nóis’ dor de estômago (istambo) é ‘farta’ de comida. Dor de dente a gente já nem sabe, se nem dente a gente tem. Já a tal da dor de corno é a mesma dor dos ‘xifres’ que a gente vai ter que carregar sempre. Sabe como é, quem tem grana carrega a prenda da gente e a gente carrega a perda, as dores da perda e os ‘xifres’. Tudo em nome da fonética que ‘nois’ nem sabe o que é. Periferia da periferia, arrebalde dos arrebaldes. As vezes ‘nóis’ leva, as vezes ‘nóis’ toma. Tudo no bom ‘centido’, ‘vc’ me entende, né?
Quanto a tal padronização vai ser difícil. No ‘Brazil’ o saber e o falar são dinâmicos e o processo é lento: o processo conhecimento/aprendizagem é apenas um ‘xavão’ a mais, incorporado aos debates acadêmicos de professores recém formados nessas faculdades sem vida, sem mestres e sem princípios.

A partir de agora, amigo leitor, nossa conversa passa a ser menos prolixa. Nas páginas amarelas dessa última edição de Veja, o ministro Fernando Haddad acredita que o vulgarizado ensino brasileiro está com os dias contados, graças ao projeto que saiu de seu gabinete, um medidor que compara uma a uma as escolas brasileiras, pretendendo-se, com isso, travar a disputa entre elas pela qualidade suprema da educação no País. Parabéns. Todavia, agora temos outra briga, uma batalha direta contra a internet, uma guerra que está apenas começando, paralelamente ao anseio de todos para que todas as escolas recebam computadores e que estes estejam conectados à internet facilitando aos seus alunos acesso ao mundo.com. Isso é ótimo. Também eu sou e serei eterno defensor dessa conquista para todos.
Que a internet aproxima as pessoas, as cidades, os estados, as nações e amplia os conhecimentos é ponto pacífico, porém é necessário cuidado para que os livros não sejam aposentados e as bibliotecas não sejam apenas virtuais. A maioria das nossas crianças não possui aprendizado satisfatório para discernir, sozinhas, um texto bom de um texto ruim e é aí que entra o professor. Criança sozinha na sala é um perigo. Diante de um computador ligado à internet então, nem me falem

Carlos Alberto de Lima é jornalista em Alta Floresta
[email protected]

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