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Cuidado com a meningite

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Nos últimos dias, muito se ouviu a respeito de meningite. Sempre que se fala esse nome, ficamos apavorados. Mas, afinal, o que é essa doença? O que podemos fazer para evitá-la? Neste artigo de opinião tento responder as principais dúvidas.

1. O que é meningite? É a inflamação das camadas que revestem o encéfalo (cérebro, bulbo e cerebelo) e a medula espinhal, que fica dentro da coluna vertebral. Essas camadas são chamadas de meninges, daí o nome da doença, meningite.

2. O que causa esta doença? Quando uma bactéria, um vírus ou outros micro-organismos, como fungos e parasitas, por alguma razão conseguem vencer as defesas do organismo e atingir o líquor, líquido que fica entre as meninges, elas se inflamam, podendo produzir pus, e assim a inflamação e infecção se espalham para todo o sistema nervoso.

3. Por que é uma doença tão grave? Porque o cérebro e medula espinhal são órgãos nobres, que controlam funções vitais do nosso organismo, e quando ocorre uma inflamação que os atinja, a pessoa pode ficar com sequelas graves, que comprometem sua qualidade de vida, como surdez, cegueira, convulsões, paralisias e até coma.

4. Quais os sintomas mais comuns da meningite? A dor de cabeça, rigidez da nuca, febre, vômitos e alterações do nível de consciência. Entretanto, nem sempre todos esses sintomas estão presentes, principalmente em crianças pequenas, que podem não ter febre. Nos bebês, podemos observar o abaulamento da moleira, que ocorre pelo aumento da pressão intracraniana.

5. Quais os sintomas mais comuns na criança, então? Os principais sintomas nas crianças são a irritabilidade e a sonolência. Algumas crianças têm sintomas inespecíficos, como febre, coriza, e o médico examina e não encontra uma causa para a febre. Se a criança não melhora e a febre persiste, sempre temos que pensar na doença e fazer o exame para excluí-la. Na meningite causada pela bactéria Neisseria meningitidis (conhecida como meningite meningococcica), o paciente pode apresentar manchas na pele, pequenos e numerosos pontos avermelhados ou arroxeados, as petéquias, principalmente no tronco e nas pernas.

6. Como se faz o diagnóstico da meningite? Em uma pessoa com suspeita de meningite, são feitos exames de sangue, como o hemograma, marcadores da inflamação (proteina C reativa), e a cultura, entretanto, o diagnóstico definitivo se dá com o exame do líquor.

7. Como é feito o exame do líquor? Retira-se um pouco de líquor para exame, por meio de uma punção com uma agulha entre os espaços dos ossos da coluna lombar, como se fosse fazer uma anestesia para cesareana. O líquor, que é um líquido transparente como água de rocha, no caso de meningite, pode estar turvo, indicando a presença de bactérias, proteínas, etc. A análise da quantidade de leucócitos (células brancas de defesa), da quantidade de proteína e glicose, a presença de bactérias, indicarão o diagnóstico provável, se meningite viral ou bacteriana, por exemplo.

8. Qual o tratamento para a meningite? Por ser uma doença potencialmente fatal e com alta taxa de mortalidade, os pacientes precisam ser internados. Nas meningites bacterianas, os antibióticos serão escolhidos e administrados de acordo com a idade do paciente, e depois substituídos, se necessário, conforme os exames de cultura e antibiograma. Atualmente, um percentual de 5% a 40% das crianças ainda morrem em decorrência de meningite bacteriana e as sequelas neurológicas ocorrem entre 5% e 30% dos sobreviventes, por atraso no estabelecimento do diagnóstico e início do tratamento com antibióticos eficazes e devido à agressividade de cada caso. Nas meningites virais, o tratamento consiste em medidas de suporte, como controle da febre, hidratação, repouso, uma vez que não existe tratamento anti-viral específico para a maioria dos vírus, e nosso organismo tem mecanismos de defesa.

9. Como podemos nos proteger? Estudos realizados em diversas áreas do mundo indicam que três tipos de bactérias são responsáveis por mais de 90% das meningites bacterianas fora do período neonatal. São elas: o Haemophilus influenzae tipo B (Hib), a Neisseria meningitidis (meningococo) e o Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Contra essas bactérias existem vacinas eficazes, que tem contribuído para a diminuição dos casos e de sua gravidade em nosso país. Para as meningites virais não existe vacina, mas esse tipo de meningite costuma evoluir mais favoravelmente, tendo melhor prognóstico.

10. Se meu filho entrou em contato com alguém com meningite, ele precisa tomar algum remédio? Existe um remédio utilizado para profilaxia da meningite bacteriana cansada por Haemophilus Influenza tipo B e Neisseria meningitidis (Meningococo). É preciso saber qual destas bactérias é a causadora da meningite. Se for Haemophilus influenza, só se faz o tratamento profilático se a criança for menor de 2 anos e se não recebeu a vacina. Se for Meningococo, a profilaxia deve ser realizada em crianças que tiveram contato por mais de 20 horas nos últimos 7 dias, neste caso, entre em contato com seu pediatra.

* Anna Letícia Yanai é Médica Pediatra, especialista em Hematologia e Oncologia Pediátrica. Residência em pediatria pela Universidade Federal do Paraná. Residência em hematologia e oncologia pediátrica pela Universidade Federal do Paraná. Mestrado em hematologia e oncologia pediátrica pela Universidade Federal do Paraná. Fellowship em hematologia e oncologia pediátrica no Childrens Hospital Los Angeles – University of Southern California.

 

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