Ainda que a Seccional de Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) tenha sido fundada em 1932, a participação de juristas em Cuiabá se confunde com a sua fundação. Os primeiros registros históricos que se tem conhecimento datam ainda do período em que todo o nosso território pertencia à Capitania de São Paulo. Nascia ali uma união que perdurou por 300 anos e, tenho certeza, seguirá por outros muitos anos.
O fato histórico é para todos os advogados motivo de imenso orgulho. Isso porque, assim como os cuiabanos estão na linha de frente, em busca de direitos e conquistas, a Ordem tem buscado assegurar os avanços para a sociedade, que garantam princípios como a igualdade e a fraternidade, por meio do respeito às leis, todas derivadas da nossa carta-magna, a Constituição Federal.
Como esquecer a imensa contribuição dada, ao longo da história de Cuiabá, por dezenas de advogados, sejam nas lutas, sejam na administração, sejam cumprindo seu ofício. Impossível não citar o saudoso Silva Freire, que sintetizou o sentimento que nos une e faz com que o progresso ocorra com uma única expressão: “cuiabania”. Tão brilhante foi sua trajetória, que até sua liberdade ele trocou na luta pela democracia.
Por falar em um período sombrio de nossa história, não posso deixar de lembrar do ilustre conselheiro federal Ernesto Pereira Borges, cuiabano de tchapa e cruz, um homem destemido, que nunca se furtou em denunciar as violências cometidas contra advogados durante os anos de chumbo em que praticamente todos os direitos de nossa sociedade foram violados.
Também podemos lembrar de Palmiro Pimenta, que orientou um grupo de juristas a criar a Faculdade de Direito de Cuiabá, na década de 1930, precursora do curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), berço acadêmico de nomes de destaque em Cuiabá, Mato Grosso e no Brasil.
Nesta mesma faculdade, lecionou o brilhante Gervásio Leite, jurista que devotou sua vida ao Direito e à Educação. Seu legado inclui muitas obras, como “Um século de instrução pública”, leitura obrigatória para gerações de pessoas que ingressaram na Pedagogia. Sebastião de Oliveira, o Doutor Paraná, Salvador Pompeu de Barros Filho, Agenor Ferreira Leão, Frederico Vaz de Figueiredo, Lenine Póvoas, Rubens de Mendonça e tantos outros advogados poderiam ser citados por sua imensa contribuição à história da nossa cidade.
Sinto-me orgulhoso em estar à frente de uma entidade tão importante como a OAB-MT em um momento tão especial como os 300 anos de nossa querida Cuiabá. Que por muito, mas muito tempo, as trajetórias continuem a se fundir, a se confundir, a se misturar. A história é rica em exemplos de que, quando isso acontece, a sociedade tem muito a ganhar.
Leonardo Campos, presidente da OAB-MT