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Crises e segurança energética

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Na última quarta feira (30 de março 2011), o Presidente Obama em um pronunciamento na Universidade da Geórgia sobre o tema: "A conquista do futuro – a questão energética na América", disse de público que quando assumiu o governo há pouco mais de dois anos os Estados Unidos importavam e continuam importando em torno de 11 milhões de barris de petróleo por dia e que dentro de dez anos a meta é reduzir a dependência energética do petróleo importado em um terço. Segundo o presidente, para cada dez dólares que o preço do petróleo sobe o consumidor paga mais 25 centavos de dólar por galão de gasolina e isto pode estimular o processo inflacionário e penalizar ainda mais o povo.
Para tanto, algumas das alternativas apresentadas são: em curto prazo aumentar a produção interna de petróleo e muito mais de gás natural e carvão; e a médio e longo prazo mudar de forma significativa a matriz energética americana, aumentando a participação de outras fontes mais limpas como energia solar, eólica, biomassa e manter o desenvolvimento da energia nuclear, com mais segurança evitando desastres como já aconteceram na Rússia, nos Estados Unidos há alguns anos e também mais recentemente no Japão.

Outro aspecto apontado é o desenvolvimento científico e tecnológico visando o uso mais eficiente da energia, tanto em termos residências quanto comercial e industrial. O desperdício tanto no uso quanto na transmissão é um fator que encarece o custo para o consumidor e aumenta a dependência energética. Visando também uma efetiva segurança energética, dentro de um quadro mais amplo de segurança nacional, podem-se compreender as razões pelas quais os EUA e diversos outros países têm reagido de forma sensível às crises políticas, financeiras e institucionais que tem ocorrido em várias partes do mundo.

Os impactos dos "choques do petróleo" ocorridos durante as décadas de 70 e 80, motivadas por guerras entre Israel e países árabes, da guerra Iran x Iraque, seguidas pela revolução iraniana e as guerras no Iraque com a derrubada de Sadan Hussein, juntamente com a crise financeira de 2008 foram sentidos por diversos países. Os dois maiores impactos estão relacionados com a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional e o que isto significa em termos do processo de desenvolvimento nos países industriais e de outros com desenvolvimento acelerado com a China, a Coréia do Sul cuja dependência energética do exterior é maior do que os Estados Unidos e também do Brasil.

Para se ter uma idéia da escalada no preço do petróleo ao longo das últimas quatro décadas, em 1970 a Arábia Saudita e outros países produtores de petróleo vendiam cada barril por US$1,80 dólares. Esses valores aumentaram para dez dólares em 1974, após o primeiro choque do petróleo e da guerra Israel x países Árabes; para 20 dólares quando da revolução iraniana em 1979; para 39 dólares durante a guerra Iran x Iraque; para 50 dólares em 2004; 70 dólares em 2005 depois do furacão Katrina, tendo em vista que boa parte do petróleo americano é explorado naquela região; para 100 dólares em 2006 e 147 em 2008, por ocasião da última crise financeira. Entre novembro de 2008 e final de 2009, houve uma queda de 60% do preço do barril de petróleo, tendo o mesmo voltado ao patamar de 60 dólares, para novamente escalar aos níveis atuais de 105 dólares, em meio a atual crise política no Egito, Líbia e outros países do Oriente médio.

Um alto prócer da ONU recentemente afirmou que se esta escalada nos preços do petróleo continuar poderá afetar de forma extremamente negativa a recuperação econômica e financeira das principais economias do mundo. Este fator também se soma aos custos dos desastres naturais que em 2010 representaram em torno de US$218 bilhões de dólares, com previsões de que em 2011 os prejuízos desta natureza serão maiores ainda. Em seu discurso Obama também chamou a atenção de que o preço por galão de gasolina durante a crise financeira de 2008 atingiu seu maior ponto custando aos consumidores em torno de quatro dólares o galão (um galão tem 3,78 litros) e no momento com as diversas crises em alguns países do Oriente Médio e Norte da África (notadamente Líbia e Egito), o preço médio da gasolina também subiu mais de 25% em apenas três meses, atingindo em torno de US$3,60.

Todavia, se considerarmos que os Estados Unidos importam aproximadamente 85% do petróleo que consomem, o atual preço considerado o segundo maior na história recente, representa 95 centavos de dólar por litro ou 1,67 reais, ainda muito barato quando comparado com os preços extorsivos cobrados pelo litro de gasolina e de álcool praticados no Brasil.

Só para se ter uma idéia, o Brasil onde os lucros da Petrobras são enormes a cada ano, depois de o Governo Lula propalar pelos quatro cantos que nosso país havia atingido a auto-suficiência em petróleo e que o nosso álcool de cana estava "ganhando" o mundo, as noticia mais recentes dão conta de que em 2010 e em 2011 estamos importando gasolina da Venezuela e álcool de milho dos Estados Unidos e ainda de sobra, conforme manchete no Blog do Meirelles de 27 de março último:" Brasil vai colocar mais água na gasolina" houve aumento da quantidade de água na gasolina e redução do percentual de álcool na mistura do combustível consumido no país. Com certeza isto vai danificar ainda mais os motores, enquanto a pessoa que foi na lorota do governo e comprou carro a álcool ou flex fica com cara de otário.
Para continuar dourando a pílula, o governo deve retomar a propaganda do pré-sal e outras formas de manipulação, enquanto o consumidor vai continuar pagando um preço abusivo tanto pelo combustível quanto pelo gás de cozinha e pela energia elétrica que consome.

Como podemos perceber, a crise em outros países acaba afetando os consumidores em várias partes do mundo. Cabe aos respectivos governos atuarem com mais competência, transparência e estabelecer políticas e estratégias de longo prazo para que as futuras gerações não venham a sofrer mais do que as atuais.

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias. www.justicaesolidariedade.com.br [email protected]

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