No Brasil, os programas de pós graduação e ensino superior já são avaliados a um bom tempo, inclusive com altas taxas de credibilidade. Apesar disso ainda não temos nenhum sistema de avaliação da educação básica consolidado, pelo contrário o máximo que encontramos são modelos pontuais de avaliação institucional.
A avaliação é ainda muito estigmatizada, ou seja, não é vista ou considerada como uma alternativa de melhoria de gestão e de processo. Quando ouvimos falar em avaliação logo nos vem na mente o sentido de cobrança, inquirição, provas, e tantos outros conceitos que estão impregnados em nosso subconsciente, que nem paramos para pensar no sentido real da avaliação.
Segundo Perrenoud (1.999), avaliar é criar hierarquias de excelência, ou seja, classificar pessoas, instituições, idéias, em ordem de qualidade, do melhor para o pior. Para ele avaliar é também valorizar o que é feito de bom e mostrar o que precisa ser melhorado, é uma forma de definir modelos, padrões para certificações ou cobranças.
Hofmann (1991) também apresenta a avaliação como uma reflexão que deve ser transformada em ação e que esta ação é que deve nos impulsionar para novas reflexões, novos trabalhos e novas idéias.
A avaliação não é o ponto final, conforme apresenta Esteban (2006) é justamente o contrário disso. A avaliação deve ser um conjunto de ações que venham a contribuir no processo de ensino aprendizagem, e que ao mesmo tempo tragam novas possibilidades de organização e reflexão pedagógica.
Ela nos apresenta também que a "avaliação como prática de investigação" tem um horizonte móvel, pois pode nos apresentar novas facetas do que já conhecemos ou do que pensamos conhecer, nos mostra novos caminhos, novas perspectivas de organização e de trabalho que antes podíamos nem perceber.
A avaliação, no entanto não pode estar desassociada do planejamento, este pensamento podemos encontrar em Gitirana (2006), quando ela coloca que avaliar deve estar explícito no processo de gestão e aprendizagem e que para que isso ocorra a avaliação deve ser apresentada junto com o planejamento escolar de qualquer instituição de ensino.
A pragmática da avaliação nos apresenta o ato de avaliar como um ato de que deve sempre vir associado ao agir. Perrenoud (1999) cita quer mesmos aquelas avaliações feitas fora do contexto pedagógico devem ter unicamente como objetivo a correção orientação e inovação dos processos de ensino. Nesta perspectivas podemos ver a avaliação como uma corrente para o ajuste periódico do currículo e também para um controle do processo de ensino aprendizagem.
Acontece que avaliação institucional é muito mais do que isso. Quando falamos em avaliação de aprendizagem estamos nos referindo unicamente ao ato de avaliar o que o aluno aprendeu, ou quanto ele aprendeu em determinado momento de sua vida escolar.
Quando nos referimos a avaliação institucional o processo é bem maior e mais complexo. Não basta somente avaliar o ensino, é preciso avaliar todo o processo que gerou ou gera este ensino no aluno. Avaliar o professor, o diretor, o projeto pedagógico, a estrutura de ensino, ou seja, todo o processo envolvido na comunidade escolar.
Avaliação institucional precisa ser entendida como um processo de emancipação da escola, um processo de aprendizagem e crescimento do projeto político pedagógico que nos orienta para uma melhoria necessária.
Freinet, já na década de 30 nos mostrava que a democracia governamental tinha que vir acompanhada da democracia na escola. Regime autoritário que não aceita a avaliação sistemáticas não pode ser um modelo aceitável de gestão democrática.
O sentido amplo da avaliação institucional é aquele que trás melhorias consideráveis a toda comunidade escolar, que deve participar do processo efetiva e entusiasticamente.
Claudia Lisiane Oro Ribeiro Ramos – diretora de Ensino da UNINOVA
Bibliografia
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre, Mediação, 1991.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: Da excelência à regulação das Aprendizagens. Porto Alegre, Artmed, 1999.
SILVA, J F da, HOFMANN, Jussara e ESTEBAN, Maria Teresa (orgs.) Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em diferentes áreas do currículo.Porto Alegre, Editora Mediação, 2006.