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Carnaval rima com carnal

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A festa mais divulgada pela grande mídia com certeza é o carnaval. Não é a festa mais importante, mas é a mais midiática. Uma festa que dissemina uma espécie de alegria carnal se torna o foco em grandes centros. Uma pena, mesmo. É uma festa defendida até por alguns políticos fanfarrões, digo foliões.
 
Essa alegria carnal é regada de muita imprudência, libertinagem sexual e muita bebida. Como resultado, muita tristeza, acidentes, homicídios, DSTs e violência. Sou um homem simples, gosto de sorrir, mas não contem comigo quando o assunto for carnaval. Muitos irão compreender minha posição após ouvir ou ler as próximas linhas deste texto.
 
Escrevo estas linhas no dia 24 de fevereiro de 2017, faço este registro, pois daqui poucos dias, muitas famílias estarão chorando. Não tem nada a ver com premonição, mas com a lógica, a realidade e números que parecem não importar para muita gente e muito menos para a grande mídia. Afinal, esquecem, momentaneamente, o bom senso e passam a cantar o refrão: “vamos curtir o agora, depois a gente se preocupa com o depois”.
 
Se eu pudesse falar com cada família brasileira, no dia de hoje, eu diria:  Cuidem de seus filhos. Muita prudência. Muita calma. Orem e troquem essa “festa” por algo muito maior: Nosso Senhor, muita oração e a companhia de familiares. Muitas fatalidades e tragédias seriam evitadas. Muitas lágrimas não seriam derramadas na quarta-feira de cinzas.
 
Por curiosidade, na sexta-feira de carnaval, busquei informações em sites de notícias e, nada de acidentes e nem de violência. Fico feliz, mas reflexivo: Será verdade? O que querem com isso?. Vi uma enxurrada de notícias “boas” sobre uma provável estimativa econômica durante o período, frases de festejo, só faltaram as músicas com batuque, tudo para atrair o público. Logicamente muitos irão dizer: o carnaval gera renda e muita alegria para os brasileiros! Lógico que sim, alguma renda irá ser gerada e alguma alegria, mesmo que carnal, será sentida. Mas muitos gastos também serão gerados, principalmente para os governos municipais e estaduais, com limpeza, manutenção, policiamento, patrocínios públicos a essas festas, despesas com saúde pública etc e, muita tristeza poderá ocorrer quando a festa chegar ao fim.
 
Recorri a diversos “sites” em busca de dados oficiais sobre o carnaval: homicídios, acidentes, gastos públicos etc. E, para minha surpresa, não há estudos ou compilações de dados oficiais disponibilizados pelo governo nesse sentido. Há dados genéricos ou misturados, mas não há informações específicas sobre o período do carnaval. Se é intencional ou não, não posso afirmar. Mas que é estranho, isso é!
 
Quando pesquisei sobre os acidentes em rodovias federais, há alguns números. Encontrei, também, informações sobre os tipos de crimes ocorridos no país durante o ano; pude encontrar informações sobre “causa mortis”; horários e dias da semana em há maior incidência de violência no país; faixa etária das vítimas etc. Existe apenas estudos anuais, o que não auxilia em análises mais específicas de períodos. Mas podemos afirmar, sem dúvida, que o número de ocorrências policiais são maiores em períodos festivos. Os dados são espalhados e quando tentamos trazer para o período de carnaval, podemos destacar que se tornam confusos e incompletos. Seria mais fácil percorrer a pé de Cuiabá até Brasília do que encontrar estes números organizados.
 
Infelizmente, diante do que envolve esse período, podemos esperar algumas centenas de acidentes automobilísticos fatais, agressões, homicídios, furtos e etc. Estamos falando de uma (mera) projeção. Mas, após fazer uma breve análise no Mapa da Violência e no Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes, chegamos a essa triste e lógica situação.
 
Irei compartilhar alguns dados, mesmo que superficiais, para facilitar a compreensão e reflexão.
 
Entre os tipos de violência, a agressão física e acidentes de trânsito estão no topo da lista. A maior incidência de agressões está entre os homens, com faixa etária entre 20 e 39 anos. Entre sexta-feira e domingo ocorrem o maior número de práticas violentas e mortes; 85% dos casos de agressão, por exemplo, não tem qualquer relação com atividade laboral; predominantemente os casos ocorrem nas vias públicas; pelo menos metade dos casos tem relação direta com o uso de bebida alcoólica; na sua maioria as vítimas são atacas na cabeça e há algum tipo de perfuração; 83% das ocorrências são consideradas de natureza intencional; mais da metade dos casos ocorrem entre 18h e 5h (noite e madrugada).
 
Quando avaliamos os números sobre acidentes de trânsito, constatamos que os dados não estão muito distantes dos citados acima, no que se refere ao tipo de vítima, faixa etária: a predominância está na faixa etária entre 20 e 39 anos; tem relação direta com bebida alcoólica, mas acrescentamos dois temperos nessa triste receita: o excesso de velocidade e a imprudência.
 
Esses números não são específicos do período de carnaval, mas servem de alerta e comparativo sobre o que ocorre e como ocorre a violência e acidentes nesses dias de festejo.
 
Que isso sirva para chamar a atenção de setores políticos, empresários e população em geral.
 
Faça sua parte enquanto cidadão, enquanto ser humano! Que a quarta-feira de cinzas seja um marco positivo na vida dos cidadãos brasileiros e não o fim dela. E, aproveite este feriado para estar junto de sua família.

Que Deus abençoe a todos.

Victório Galli é Depuado Federal (PSC-MT) e mestre em teologia.

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