Chamamos Acidente Vascular Cerebral (AVC) , ou mais modernamente Acidente vascular Encefálico (AVE), quando ocorre lesão (infarto ou morte celular) de uma porção do cérebro.
Esta lesão pode ocorrer por um entupimento (por trombo ou êmbolo) de uma artéria, chamado Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), ou por rompimento de uma artéria, chamado Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico(AVCH).
Os AVCs podem deixar conseqüências (seqüelas) muito graves, como paralisia de um membro ou de metade do corpo. Podem provocar cegueira, afasia (incapacidade de entender ou expressar palavras) e demência(esquecimentos). Ou, se a região do cérebro afetada for pequena ou conforme a localização, as seqüelas podem ser mínimas, permitindo uma vida normal.
Estudos publicados no ano passado pela revista da American Academy of Neurology evidenciaram um salto enorme na incidência de AVC em pacientes com menos de 55 anos ( de 20 a 55a). Na década de 1990, a incidência era de 109 AVCs para cada 100 mil indivíduos, em nossa década, a incidência saltou para quase 200 indivíduos para cada 100 mil.
A causas mais comuns do AVC em jovens diferem pouco das causas de outras faixas etárias e são: hipertensão arterial, tabagismo, uso de drogas(particularmente cocaína, anfetaminas e excesso de álcool), uso de anticoncepcional(principalmente em fumantes), e doenças hematológicas ou do coração.
Tem chamado atenção da área médica, algumas causas mais recentes de hipertensão arterial e AVC, como o abuso de energéticos ( alguns chegam a ter 500 mg de cafeína por frasco. Para comparação, uma xícara de café expresso tem no máximo 100 mg).
Outra causa que vem sendo investigada é o consumo de hormônios anabolizantes, encontrados em muitos suplementos de academia. Os anabolizantes provocam, entre outros males, hipertensão arterial. Um coquetel de energéticos, anfetaminas e álcool, principalmente em quem usa anabolizantes, é receita certa para se ter um AVC.
Os sintomas do AVC em jovens também não diferem muito dos de outras faixas etárias. Os mais freqüentes são: perda de movimento de um braço, uma perna, entortar a boca, alterações na visão, na fala, na audição, síncopes(desmaios).
São sempre abruptos, mas podem ser sutis, podendo passar desapercebidos pelo paciente ou por quem estiver próximo.
Esses sintomas, quando o AVC é pequeno, podem regredir e até desaparecer depois de algum tempo.
A qualquer sinal ou sintoma de AVC, o paciente deve ser imediatamente encaminhado ao Pronto Atendimento.
O que fazer para evitar um AVC?
Por menor que seja a área atingida, será uma área nobre, de neurônios, portanto, todos os esforços devem ser feitos para evitar essa condição.
-Verificar a pressão arterial periodicamente. Se houver hipertensos na família, pelo menos uma vez ao ano. A Pressão Arterial Alta é o principal causador de AVC.
E usar os medicamentos anti-hipertensivos, se necessário, independentemente da idade (Lembre-se: jovem também pode ter AVC)
-Praticar exercícios. Uma caminhada é suficiente. Se possível, cinco dias na semana.
-Praticar uma dieta mais saudável. Evitar gorduras, refrigerantes e sal.
-Evitar energéticos e álcool em excesso.
-Não fumar.
José Almir Adena é médico- cardiologeriatra e um dos fundadores do departamento de Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia(SBC).Participou das primeiras diretrizes sobre cardiogeriatria no mundo