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As eleições em Cuiabá

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As eleições em Cuiabá e nos municípios considerados polos regionais em Mato Grosso sempre foram e cada vez continuam sendo mais acirradas pois aí se concentram  uma grande massa de eleitores e definem os rumos das eleições futuras para governador, deputados federais, estaduais e senadores e também para presidente da República.

Cuiabá, juntamente com Várzea Grande, representa o maior polo econômico, populacional, de prestação de serviços, principalmente nas áreas  da educação e da saúde e também por ser o núcleo politico e administrativo do Estado, onde  estão concentradas as representações do governo  federal e das entidades estaduais representativas  do setor  empresarial e de trabalhadores,  pode ser considerada como “a joia da coroa”.

Cuiabá conta com 441.461eleitores (19,5% do eleitorado do estado que é de 2.169.030 eleitores e Várzea Grande, o segundo colégio eleitoral, com 183.11 (8,1% do total estadual). Assim, o Aglomerado Urbano Cuiabá/Várzea Grande representa 27,6% dos eleitores do Estado, indicando que as eleições nesses dois municípios tem  uma alta representatividade e peso politico no cenário estadual, razão pela qual todos os partidos e seus caciques tem  um olhar todo especial para o que pode acontecer em outubro vindouro nessas duas cidades.
Há praticamente  um ano, mesmo que o atual prefeito as vezes vinha dizendo que ainda não havia decidido se iria ser ou não candidato, todas as sondagens/pesquisas de opinião pública indicavam um cenário que lhe era totalmente favorável  e que, se fosse candidato seria reeleito e isto poderia acontecer no primeiro turno.

A briga/disputa entre os diversos partidos e seus caciques era quem seria o candidato a vice na chapa de Mauro Mendes, principalmente por que a voz corrente era a de que, se reeleito, o atual  prefeito seria candidato a algum cargo importante, possivelmente a senador, em 2018. Desta forma, o vice , como aconteceu com o Coronel José Meirelles  e com Chico Galindo, herdaria quase tres anos de mandato. Tudo ia nesta direção até que no apagar das luzes para a realização das convenções, praticamente com 24 horas do término do prazo para que as convenções partidiárias homologassem as candidaturas a prefeito e vereadores, eis que Mauro Mendes anuncia que estava abandonando o barco, não seria mais candidato a prefeito e aí uma verdadeira barafunda se estabeleceu nas hostes dos principais partidos, principalmente do PSB/PSDB/PSD/DEM /PP  e outros mais, inclusive, nos partidos que já haviam escolhidos seus candidatos.

Este fato causou uma verdadeira gritaria, um “Deus nos acuda” e, como barata tonta, os caciques partidários, incluindo ou começando pelo Governador do Estado e as cúpulas do PSDB e do PSB. Alguns com um certo açodamento anunciavam que poderiam ou seriam candidatos em substituição a Mauro Mendes, como foi o caso do Deputado Fábio Garcia, herdeiro politico de seu avô , o saudoso Governador Garcia Neto.
Mas, como ninguém larga a rapadura de maneira fácil, o que hoje está sendo considerado um novo grupo politico liderado pelo Governador Pedro Taques  saiu a campo e demonstrou maestria na arte de articulação e, de forma, inesperada surgiu o nome do ex- prefeito e atual deputado/líder do Governo na Assembléia Wilson Santos como a solução para este imbroglio, causando algumas rusgas principalmente no PSB e em certo sentido em Mauro Mendes, que gostariam de ver alguém deste partido como seu susbituto na corrida ao Palácio Alencastro.
Mesmo assim  o nome de Wilson Santos foi sacramentado, graças `a sua  coragem, experiência política e administrativa e espírito de luta resolveu aceitar este desafio  de enfrentar  uma eleição onde os demais candidatos também  tem boa visibilidade eleitoral, já disputaram e venceram eleições para vereador, deputado estadual, federal e senadora e no caso “galinho”  já tendo sido vitorioso duas vezes e  exercido o mandato de prefeito.

Analisando as eleições em que foi eleito e reeleito, em 2004 e 2008, Wilson Santos tinha contra si ponderosas forças políticas representadas por uma aliança que durante 12 anos exerceu o monópolio do poder no Estado e no país PT/PMDB e outros partidos que sempre estão `a sombra do poder e mesmo assim venceu aquelas eleições.

Em 2004 o Estado era governado por Blairo Maggi em  aliança  com o PMDB  e o PT, as três maiores forças da política nacional e que eram ostensivamente contrárias ao candidato Wilson Santos, que acabou vencendo o candidato do PT Alexandre César.  Em 2008 Blairo Maggi continuava aliado ao governo Lula, da mesma forma que o PMDB  de Carlos Bezerra e do então vice Governador Silval Barbosa e praticamente a maioria da bancada federal e também o então Presidente da Assembléia José Riva, todos estavam unidos para derrotar Wilson Santos, que acabou vencendo a eleição em segundo turno contra exatamente Mauro Mendes.

Com o fracasso deste projeto de poder tanto a nível nacional quanto estadual, nas próximas eleições teremos uma nova correlação de forças. O PT se bandeou para o lado do PDT ,que,juntamente com o PCdoB abraçaram a candidature do ex juiz federal Julier Sebastião, um candidato de peso, mas que jamais disputou eleições e nunca exerceu um cargo politico no executivo ou legislativo;  o PSOL vai novamente com o Procurador Mauro, já bastante conhecido do eleitorado mas com pouca densidade eleitoral para surpreender; a ex  senadora Serys, que sempre foi bem votada quando ainda estava no PT, mas no PRB poderá ser uma decepção eleitoral e o rede que ensaia  seus primeiros passos eleitoralmente ainda uma incógnita.

Diante disso, parece que a dispersão de votos poderá poderá levar  as eleições para um segundo turno, de forma polarizada e deve ocorrer entre Wilson Santos que contará com o apoio ostensivo e decidido do Governador Taques,  do Vice Governador Fávaro,do Presidente da Assembléia  Legislativa Guilherme Maluf, também tucano e um apoio meio murcho do atual prefeito, que não cansa de dizer que “nao morre de amores por Wilson Santos” e de outro lado o Deputado Emanuel Pinheiro, agora no PMDB, partido que por cinco anos esteve no poder com o Governador Silval Barbosa,  coadjuvado por outros partidos menores, terá como grande cabo eleitoral o ex governador e deputado Federal, um grande cacique, Carlos Bezerra, que durante anos esteve abraçado com os Governos Lula/Dilma e acabou na úndécima hora passando para a base de Michel Temer, um ex sócio do desastrado Governo Dilma.

Parece que pelo andar da carruagem a balança desta corrida, por enquanto, está ligeiramente pendendo para o lado de Wilson Santos, que assim, poderia resgatar  alguns  programas de sua gestão em Cuiabá e dar continuidade a outras ações do atual prefeito, mesclando com novas propostas para preparar Cuiabá que em breve estará comemorando seus 300 anos.
Este palpitante assunto continua em futuros artigos.

Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia

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