No mundo globalizado em que vivemos e de mídia em tempo real nos habituamos a assistir nos últimos anos, sempre no mês de janeiro, até com certa consternação as empresas e os países mais "poderosos" do mundo se reuniram no chamado "Fórum Econômico Mundial" em Davos, na Suíça. Os resultados da reunião e do relatório final não traziam nenhuma novidade – os países ricos, Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional), e as empresas mais poderosas do mundo – dizendo como deveriam os primos pobres do planeta se comportar para erradicar aquilo que de alguma maneira poderia significar uma ameaça ao capitalismo e a segurança econômica dos mais ricos – a pobreza extrema e todas as mazelas que acompanham essa situação, o analfabetismo em grande escala, as doenças endêmicas, a exploração da mão-de-obra através do trabalho escravo, a inexistência de infraestrutura, de saneamento básico, degradação do meio ambiente, entre outros.
Porém, de uns anos pra cá, houve mudanças significativas. O chamado BRIC – Brasil, Russia, Índia e China – passaram a despertar um interesse nos poderosos pelo crescimento econômico e pelas mudanças que introduziam em seus países. Enfrentamento e diminuição da pobreza com diversos programas de inserção social, planejamento e crescimento econômico. Chegaram a ser convidados para participar da seleta e fechada reunião do Fórum Econômico Mundial.
No mês passado estive representando Mato Grosso em duas Feiras Internacionais de Turismo na Europa patrocinadas pela EMBRATUR – Holanda e Espanha. Em primeiro lugar fiquei impressionadíssima com o conhecimento e interesse que principalmente a Holanda tem pelo nosso estado.
Os holandeses são comerciantes por natureza. A história registra que em séculos passados os holandeses controlaram literalmente o comércio no mundo. São práticos e objetivos. Perguntam pelo Pantanal e revelam que conheceram uma das nossas mais belas riquezas naturais pelo canal "National Geografic". Eles perguntam sobre a geografia local, a fauna, flora, condições dos hotéis, estado de preservação e demonstram um desejo enorme de fazer turismo por aqui. É bom lembrar que a Holanda tem uma estabilidade econômica invejável. O índice de desemprego está em torno 4,7%, excelente para um país europeu.
Já a Espanha, que é referência para o mundo em planejamento e formatação do turismo, registra uma crise econômica inquietante – índice de desemprego em torno de 20% – assim como a Grécia, Itália, Portugal e França. Apesar da crise, que ameaça a estabilidade econômica da zona do euro, pude presenciar um interesse diferenciado pelo Brasil e por Mato Grosso. Os espanhóis demonstraram um desejo enorme de conhecer Mato Grosso, pelo nosso potencial turístico, pelos atrativos naturais, mas principalmente pela possibilidade de investimentos econômicos que nosso estado apresenta. A pergunta corrente era qual a melhor área para se investir em Mato Grosso. E eu dizia, em tudo, geração de energia, construção civil, agricultura, pecuária, mineração, turismo e etc. O interessante é que em reuniões e conversas com os países vizinhos ao nosso, como Bolívia, Paraguai, Colômbia e Peru observamos o mesmo interesse.
Os europeus veem a América do Sul como a "cereja do bolo", a região do mundo que mais oferece oportunidades como os BRICs a alguns anos atrás. Agora é a vez da América. E estão corretos, assim como os poderosos líderes políticos e empresários que se reuniram no "Fórum de Davos" e declararam que a América do Sul é um "OÁSIS ECONÔMICO".
Na verdade, os mais ricos que sempre ditaram a política econômica mundial mudaram o foco. Agora estão preocupadíssimos com o próprio umbigo, com a crise econômica e fiscal dos Estados Unidos que se arrasta por alguns anos e com a insegurança da crise de endividamento da Europa. Com tudo isso, passaram a vislumbrar o potencial que a América do Sul vive.
Já a presidenta Dilma Rousseff declarou no "Fórum Social Mundial", em Porto Alegre no final do ano passado, que os anos de 80 e 90 foram décadas perdidas para a América Latina devido a "preconceitos ideológicos que provocaram estagnação e aprofundamento da pobreza". Essa época para nós já foi superada. Acabamos com as ditaduras nos diversos países das Américas, vivemos uma democracia plena e o crescimento econômico é uma realidade. O Peru tem crescido uma média de 10% ao ano, 60% da economia vem do Turismo. É bom ressaltar que o Peru tem praticamente dois grandes atrativos turísticos – Machu Pitch e Cusco – que são grandes descobertas arqueológicas do mundo moderno.
Agora, imaginem o potencial de crescimento econômico e turístico que o Brasil e o nosso estado representam. Nossos primos ricos que se reuniram em Davos estão corretos, eles têm sim que se preocupar, assim como no passado nos diziam que nossa pobreza os incomodava, agora e nossa vez de dizer, a crise de vocês tem que ser resolvida o quanto antes.
Enquanto isso a América do Sul vai seguindo seu caminho e construindo uma nova e próspera história.
Teté Bezerra – deputada estadual licenciada e secretária de Estado de Desenvolvimento do Turismo.