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Agronegócio – o grito contra a crise

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Os agricultores do Nortão iniciaram esta semana uma grande manifestação em protesto contra a falta de política agrícola, contra os juros altos e a política cambial, e em defesa do sagrado e inalienável direito de continuar a produzir, de continuar a viver do suor de seu trabalho.

O Grito do Ipiranga é uma explosão da revolta dos produtores rurais contra a falta de condições de plantar e colher. Os agricultores usaram de todos os canais para chamar a atenção do governo para os problemas do campo. Tentaram negociar mudanças na política econômica que os esmaga, alertaram para o desastre da política cambial adotada no desgoverno Lula, pediram redução das taxas de juros e diminuição do custo dos insumos.O governo nada fez.

Enfim, esgotadas as possibilidades de negociação e as tentativas de entendimento sobre soluções para a crise que assola o campo, os produtores perderam a paciência. Mandaram às favas sua postura tradicionalmente conciliadora e cordata e se mobilizaram para chamar a atenção, não mais do governo, mas de toda a sociedade brasileira, para a situação deplorável em que se encontra o agronegócio.

O movimento é pacífico, ordeiro e legítimo. Não houve invasões de prédios públicos ou de propriedades particulares, não houve atos de vandalismo, nem de violência contra quem quer que fosse. Os manifestantes são trabalhadores, pessoas de bem e não arruaceiros ou agitadores profissionais. Eles fecharam parcialmente algumas estradas, impedem a abertura de agências bancárias, promovem passeatas nas principais cidades do estado.

As manifestações estão apenas começando e não há sinais de que elas vão ser interrompidas. Ao contrário, devem aumentar, com a adesão de produtores de outros estados, pois a crise não assola apenas o agricultor de Mato Grosso. Se os campeões nacionais de produtividade, os mato-grossenses, estão sofrendo prejuízos enormes com as lavouras, imagine-se nos estados onde a agricultura não é tão dinâmica…

É revoltante a inacreditável falta de atenção do governo do PT para com o setor mais dinâmico da economia brasileira, responsável por mais de um terço do PIB nacional, por quase metade das exportações, com cerca de 40 bilhões de dólares em receitas.

Foi o agronegócio que puxou o crescimento da economia brasileira nos últimos dez anos, assegurando a geração de empregos. Foi o agronegócio quem contribuiu para a queda da inflação, com a redução do custo dos alimentos. Não preciso repisar aqui o espírito empreendedor do agricultor, sua capacidade de absorver novas tecnologias, de aumentar a produtividade e a produção nacional de grãos, fibras e produtos, com pouco ou nenhum apoio oficial.

O Presidente Lula ofende os brasileiros e, principalmente, o Mato Grosso, quando chama o agricultor de caloteiro, como fez dias atrás. O produtor quer apenas condições para produzir, para comer e pagar as suas dívidas. Estas condições, infelizmente, foram tiradas pelo governo do PT.

Depois de uma década em que funcionou como locomotiva da economia brasileira, a partir de 2003 o agronegócio só tem andado para trás. O PIB agrícola caiu de 2004 para 2005 cerca de 15% e este ano vai cair outro tanto, por falta de atenção do governo.

Em 2003, o produtor comprou adubo, semente e defensivos com o dólar a R$ 3,50 e vendeu a safra, em 2004, com o dólar a menos de R$ 3,00. Em 2005, vendeu a safra com o dólar a R$ 2,50 e este ano vai vender com o dólar valendo R$ 2,15. A soja, que chegou a valer R$ 35,00 a saca, este ano está sendo vendida a R$ 14,00. Quem arcou com essa diferença? O agricultor, é claro.

O preço do óleo diesel, no mesmo período, mais do que dobrou. As estradas, que estavam em condições razoáveis em 2002, praticamente se acabaram nos últimos três anos, elevando os custos dos transportes. As obras da BR 163 estão paradas. As outras rodovias, abandonadas. O ganho de produtividade conquistado pelo agricultor a custa de investimentos pesados em tecnologia, se perde no pagamento de fretes. Calcula-se que algumas culturas representem este ano prejuízo de R$ 500,00 por hectare plantado.

Só o governo não percebeu, com seu descaso, o avanço da crise do agronegócio. A situação veio piorando a cada ano, a desgraça estava anunciada, mas Lula e seus ministros não viram. Eles não têm mesmo competência, nem interesse, para avaliar a situação. Deu no que deu.

Os agricultores de Mato Grosso estão na ruas e nas estradas, exercendo o seu legítimo direito de protestar. Mas o estrago está feito. Ainda que o governo, de olho nas eleições de outubro venha a adotar medidas de socorro ao agronegócio, o leite já foi derramado. Levaremos anos para recuperar o tempo perdido e os prejuízos sofridos. A crise é grave. Seus efeitos, que já custam caro aos produtores do nosso Estado, vão afetar o bolso de todos os brasileiros e o próprio desenvolvimento do Brasil.

(*) Antero Paes de Barros é jornalista, radialista, senador e presidente do PSDB de Mato Grosso

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