A história de um povo é contada pelos feitos de seus líderes, seus heróis e de sua classe dirigente. Como a história não perdoa, ela apenas registra as ações e as omissões ocorridas. Diante dessa constatação irrefutável é que precisamos despertar da inércia em que nos encontramos.
Quais são os projetos que são colocados na agenda de Sinop, tanto no campo político-administrativo quanto no empresarial? O que será de Sinop daqui a cinco ou dez anos? Qual o futuro que nos aguarda? Seremos satélite de Lucas e Sorriso ou vamos participar, com igualdade de condições, no planejamento do desenvolvimento regional?
Se quisermos participar como atores principais e não como coadjuvantes, teremos que tomar, de imediato, algumas atitudes de auto-afirmação que ainda podemos tomar, por sermos a maior cidade da região, contarmos com a maior densidade populacional e o maior número de eleitores. Ainda estamos, portando, em forma para cobrar posições.
O município de Lucas do Rio Verde parece que vem seguindo um projeto geopolítico, traçado minuciosamente para sua expansão, e aposta suas fichas na solução da logística de transportes: a ferrovia que ligará L. R. Verde ao Porto de Itaqui, no Maranhão, um porto moderno, com grande capacidade ociosa, capaz de receber toda a produção de grãos de Mato Grosso, com grande vantagem em razão de sua localização geográfica, barateando o escoamento de nossos produtos e nossas importações. Portanto, este projeto poderá transformar Lucas do Rio Verde no grande pólo catalisador de investimentos de toda a região.
Acorda, Sinop! Temos que entrar nesta luta. Podemos, de imediato, fornecer todos os dormentes para a construção da Ferrovia. Quem, além de Sinop, está tecnicamente preparada para produzir os dormentes, gerando receita, sem contar que a partir deste envolvimento os trilhos poderiam partir de Sinop, rumo a Lucas de Rio Verde, e dali em direção ao estado de Tocantins? A simples decisão política de tornar Sinop a fornecedora da madeira destinada à Ferrovia, traria, de imediato, duas vertentes altamente positivas para o município. A primeira seria a abertura de um mercado, do qual hoje não participamos. A segunda, e mais importante, seria garantir a extensão da ferrovia até Sinop, o que nos colocaria em igualdade de condições ao município de Lucas.
De Sinop ao entroncamento com a Ferrovia Norte Sul, passando por Lucas, dá cerca de 1.500 quilômetros. De acordo com a Revista da Madeira (edição nº 75 – ano 13 – agosto de 2003), cada quilômetro de ferrovia necessita de cerca de 1.600 dormentes. Cada um deles na bitola de 2,00 metros de comprimento por 24 centímetros de largura e 16 centímetros de altura. Ou seja, cada metro cúbico rende 12 dormentes. Necessários, portanto, 2,5 milhões de dormentes, que significam 210 mil metros cúbicos de madeira a um custo aproximado de R$ 105 milhões. Uma montanha de dinheiro para aquecer a nossa economia e, muito mais que isso, encher nossos corações com a certeza de um futuro garantido para a nossa região.
Todas as grandes empresas planejam seus investimentos a médio e longo prazos. E o primeiro ponto a ser considerado para garantir o investimento é a logística de transportes. Portanto, se não nos anteciparmos a esta realidade vamos assistir a uma explosão de desenvolvimento dos municípios de Lucas do Rio Verde e Sorriso e a inexorável decadência de nosso município. A idéia de pólo único universitário já não é mais sustentável, pois cada cidade está cuidando do seu. Portanto, Sinop, vamos à luta, ainda é tempo, mas precisamos de boas cabeças. O individualismo e a avareza pessoal não nos garantirá porto seguro.
Pedro Ferreira Mendes e Leonildo Severo da Silva são advogados em Sinop.
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