Queria eu escrever palavras sabidas, que abrissem o apetite, que dessem sede, fizessem estremecer o coração, atravessando os obstruídos canais de passagem. Uma última invenção. Uma última descoberta.
Descobrir o desconhecido não é coisa privativa de grandes heróis e viajantes. Não é coisa superior ou rara de Odisseu ou Marco Polo.
Não há uma pessoa que não seja um descobridor … um andarilho. (Na verdade já vi algumas)
Os eventos choram, dizem os franceses. As coisas, o lanço, o sucedido nos revelam e se deslindam a nós. A pessoa se constitui – descobre-se – sempre com e a partir do outro (que nem é tão outro assim).
Uma forma de entender essa descoberta, penso, não é só no atacado, quero dizer, observando os protagonistas, os grandes feitos, os que todos aplaudem. É possível também pegar no pequeno, nas minúcias. Trabalhar com o “atacado e o varejo” – expressões compreensíveis nessa comercialização que a gente vive, para ser bem claro! (mas não claro demais, Amigo Leitor, não claro demais! Não quero chegar a qualquer porto!)
Liguemo-nos às dores da terra. Não tenhamos medo do sol, da chuva, da vida! Coisas extraordinárias acontecem! Tudo que ainda não tem cerca! Não tenha medo de se inclinar, mesmo que aflito, sobre o resto, sobre algumas ruínas, em um rio que corre o tempo inteiro.
Se quiser pegar minhas palavras não as destrua, porque minha palavra não é tão só essas letras juntadas (uma espécie de pele de imagem) aqui, elas têm caminhos outros que o da mercadoria, que o das publicações, elas são a dor do meu povo e da minha gente, que sabe que vivendo estamos para doer, estamos doendo e que jamais se esquece de amar, depois de perder.