Hoje por onde passei vi inúmeras residências, palacetes em grilos, casebres em áreas ricas, taperas, bangalôs e um leque de fachadas oponentes e outras nem tanto, em diferentes bairros de classes variadas. Cada canto e lugar que merecem uma transformação, de uma nova vida ou um simples ‘baton’, como comumente dizem os bons de gíria. Uma pequena pincelada, talvez, ou reestruturada capazes de ativar os egos e poderios econômicos daqueles que pretendem embelezar-se, nem que aos menos seja só por fora. Daí me lembrei que o ‘desdilmado’ atual presidente Michel Temer fez valer, no ano passado, um pequeno passo para essa mágica, em que pese seus interesses políticos: o moço mandou caneta no Cartão Reforma, da mesma mais robusta forma do Bolsa Família – de governos anteriores e subconstanciado nos atuais.
Esse passo de Temer trata-se de um programa liberador, em média, de R$ 5 mil para reforma e ampliação de moradias de famílias de baixa renda. Bingo, pois mesmo aqueles que recebem o Bolsa Família podem usar a verba. Mas quem acessará esse crédito? Quem endossará a necessidade da reforma? E a mão de obra?
Por cima, o programa vai disponibilizar até R$ 500 milhões para os que possuem renda de até R$ 1,8 mil. Cada família vai receber um benefício médio de R$ 5 mil para aquisição de materiais de construção e pessoas com deficiência terão prioridade. Quando foi lançado lembro, também, que o ministro Bruno Araújo – das Cidades – disse que esses valores não são um financiamento, mas um benefício, portanto, ninguém terá de pagar prestação ou juros pelo uso do dinheiro. Conforme o programa, o recurso é para pagar os materiais, a mão de obra a conta tomador, do município ou da comunidade à quem tem domicílios próprios, em áreas urbanas regulares ou passíveis de regularização.
Agora me vieram a mente várias questões: porque por essas banda ainda não se ouve falar nessa bondade? Porque não vejo vereadores, agiotas, gestores, redes de lojas, aproveitadores a varejo e em atacado jorrarem seus panfletos e cartazes em muros e pontos de ônibus onde a plebe circula com maior intensidade? Diz aí papai, porque primeiras damas e damos não os vi ainda em grupinhos direcionando lojas de materiais e amiguinhos ao ‘din-din’ do programa? Algum dia rolou nas mídias que o prefeito ou o governador conseguiram o programa para nossa cidade? Cadê os caras do social? Por acaso alguém viu ou ouviu alguma chamada da Caixa anunciado mais uma daquelas “vem pra caixa você também!”. Ou será se os estados e municípios dominados pelo PMDB serão os primeiros e únicos da fila?
Também queria saber se alguns telhados de vidro serão contemplados, se algum ralo entupido com a lavagem de muito dinheiro dará o aroma da fossa dos lava-jatos ou se a ideia é para quem tem vontade de agir pelo social, mas que estão com preguiça.
Hey gestores! É preciso botarem mão à obra, até porque a grana existe e pode até corroborar para o aquecimento da economia ou mesmo do mercado da construção.
Ubiratan Braga é jornalista, radialista e publicitário em Cuiabá