Costuma-se dizer que ao tentar ajudar a salvar alguém que está se afogando, a pessoa corre um grande risco de também acabar se afogando,tendo o mesmo destino da vítima. Parece que isto já está acontecendo no cenário politico atual. Agindo como irmãos siameses durante os treze anos de governo LULA/DILMA, PT e PMDB, em vários momentos desta parceria fisiológica, acabram se divorciando, empurrando o PT e seus aliados históricos e ideológicos , PCdoB, PDT,PSOL e Rede para o buraco.
Ao imaginar que seu antigo aliado (PT) e quase patrão estava afundando, oPMDB ao assumir a Presidência da República, passou a contar com o apoio de mais de duas dezenas de partidos, incluindo os que ao longo dos governos petistas sempre estiveram na oposição, com destaque para o PSDB, DEM e PPS, todos aliados ao PMDB durante o Governo FHC. Esta era e continua sendo a lógica que levou mais de dois terços dos Deputados Federais e Senadores a porem fim ao mandato da Presidente Dilma, que só foi eleita e reeleita graças ao apoio do PMDB e outros partidos que agora se bandearam para o lado de Temer.
Todavia, aos poucos vai ficando claro para a população que tanto o PMDB quanto outros partidos como PP, PSD,PR, PTB, PSC, PRB sempre estiveram com Lula e Dilma, por treze anos e mamaram nas tetas doGoverno, puderam barganhar quando o governo precisava e em troca receberam ministérios de porteira fechada, como o PR que por anos foi “dono” do Ministério dos Transportes e, por extensão, também dono do DENIT, onde até um ex secretario de MT reinou sob o manto protetor de um ex governador e senador, que hoje é ministro de Temer.
A divisão de cargos de direção das estatais, incluindo as joias da Coroa como a Petrobrás, a Eletrobrás, os Bancos públicos como BB, Caixa Econômica, BNDES, BASA, os Correios e outras mais serviram não apenas para que os governos Lula/Dilma tivessem apoio no Congresso e garantissem a tão propalada governabilidade, quanto facilitou a instalação de váras quadrilhas de criminosos de colarinho branco que acabaram sendo desmanteladas nas operações que trouxeram a público o MENSALÃO e o PEROLÃO. O juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público que o digam.
Pesquisas realizadas e veiculadas logo que Temer assumiu interinamente demonstraram e outras mais com certeza em futuro próximo irão indicar que o “novo” presidente não está com esta bola toda e seus índices de popularidade são iguais ou piores do que os ostentados por Dilma emseus piores momentos, ou seja, a população não acredito nestegoverno,talvez apenas parte do empresariado, sempre ávido por benesses oferecidas pelo governo, enquanto que para os traballhadores e classe média sobrarão o “ônus” das medidas de ajuste, que o próprio governo diz que serão amargas, para o povo, é claro, enquanto parra as camadas privilegiadas nada vai mudar.
Asvaias que Temer recebeu no desfile do 07 de setembro em Brasília e no Maracanã, na abertura da Paralimpica demonstram um pouco de como o povo vê seu governo.
Diversas medidas fazem parte do saco de maldades do Governo Temer, incluindo a famigerada reforma da previdência que quer aumentar a idade de aposentadoria para os trabalhadores dos setores públicos e privados, reduzir os benefícios, enfim, encurtar ao máximo o tempo que um trabalhador poderá usufruir de aposentadoria antes de morrer. Justifica isto com exemplos de outros países em que as pessoas para se aposentarem precisam ter, em média entre 60 e 65 ou 67 anos. No entando não leva em conta que a expectativa de vida nesses países é em média 12 a 15 anos a mais do que no Brasil. Em um ranking de expectativa de vida geral, ou seja homens e mulheres o Brasil ocupa da 67a posição com 75anos, a 78a posição para os homens, com 71,4 anos e para as mulheres 56a posição, com 78,7anos.
Isto significa que se a idade para se aposentar passar a ser de 65 anos no Brasil, um homem, em média irá usufruir dos benefícios da aposentadoria ,antes de morrer, por apenas seis anos e quatro meses. Muitos, pois esta é a idede média como expectativa de vida, irão contribuir por quase 50 anos, principalmente os trabalhadores oriundas das camadas mais pobres, cujos filhos começam a trabalhar aos quinze anos, enquanto os filhos das classes média e alta só começam a trabalhar depois da universidade, vão morrer logo que se aposentarem ou até mesmo antes de conquistarem este direito.
Enquanto isto, todos os governos anteriores, desde a nossa redemocratização, nada fizeram para cortar privilégios de políticos, gestores de grupos especiais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que podem se aposentar com pouco tempo de trabalho e acumularem tres ou quatro aposentadorias.
Resumo da ópera: para o povão sacrifícios e mais sacrifícios e para os donos do poder privilégios e mais privilégios, tudo sustentado pelo contribuinte, inclusive milhões de trabalhadores e excluidos que em tudo o que consomem pagam uma enorme carga tributária, uma das maiores do mundo.
Por essas e por outras é que o Governo Temer vai afundar, da mesma forma que o governo de Dilma afundou. Com Temer também vão afundar todos os partidos que com ele defendem essas e outras medidas impopulares!
Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,colaborador