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A política que não se pode seguir

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A cada dia, me convenço mais da importância do caráter de um homem. Da definição e afirmação diária de sua postura política e do compromisso social conferido aos legitimamente eleitos pelo voto direto. Neste sentido, não permito brechas para dúvidas quanto às decisões tomadas no parlamento e me certifico dos reflexos de cada requerimento, projeto de lei ou voto que me disponho a dar.

A aprovação da PEC 10 (teto dos gastos públicos) ocorrida na última terça-feira  (24), mostra que estou no caminho certo. Dos 20 deputados presentes no plenário, fui um dos únicos quatro a votar contra esta proposta descarada de cortes nos investimentos primários pelos próximos cinco anos enviada  à Assembleia Legislativa pelo governador Pedro Taques.
Estamos falando de um massacre aos direitos do cidadão. De medidas que vão impedir investimentos em saúde, educação,  segurança pública e infraestrutura. Ora,  sem a tal PEC já vivemos o caos com hospitais lotados, salários e repasses atrasados, escolas sucateadas e sem merenda para os alunos, estradas intransitáveis e municípios à míngua sem  receber em dia sequer as parcelas do ICMS, arrecadado pelo estado, a que eles têm direito.

Dias ainda mais difíceis estão por vir. Com esta PEC teremos mais pessoas amontoadas nos hospitais. Certamente muitas delas morrerão por falta dos recursos congelados por Taques com a anuência dos 16 deputados que ainda não entenderam isso. O que esperar de um parlamento que poderia impedir estas mazelas, mas que se cala diante às ordens de um governo autoritário, pretensioso, que não cumpre promessas de campanha e que se fecha ao diálogo?

Pedro Taques ficou famoso por prender corruptos quando procurador da República. Mas antagônico, formou um governo marcado pela corrupção. Alguns de seus secretários foram presos e outros afastados por incompetência ou por discordarem das posturas adotadas em seu mandato. O de segurança pública e o ex da casa civil, primo de Taques, estão na cadeia junto ao antigo comandante da Polícia Militar por participarem do maior esquema ditatorial da história de Mato Grosso: a escandalosa "grampolandia pantaneira". Uma artimanha que colocou escutas ilegais a serviço do governador, contra a democracia e a liberdade de expressão de políticos,  empresários e jornalistas. Todos adversários ou supostos adversários políticos do aTaques.

Durante a campanha de 2014, Taques, que deixou o mandato de senador sem concluí-lo, onde nada fez para melhorar a vida dos mato-grossense, prometeu valorizar os servidores públicos, mas desde eleito se fecha ao diálogo provocando greves além de afrontá-los com um ridículo parcelamento da RGA. Na capital, parou as obras iniciadas antes da Copa de 2014, sob pretexto de investigar desvios financeiros, e até hoje não sabe quando elas serão concluídas. Três anos depois, provocou a aprovação da PEC 10 argumentando a necessidade de ingresso do estado ao plano de  recuperação fiscal proposto pelo golpista Michel Temer, mesmo sabendo que Mato Grosso não se enquadra na Lei que permite o acesso, e foi aplaudido por deputados que jogam no seu time.

Diante de tudo isso e de um parlamento que se nega a sua principal função,  fiscalizar o governo, não me restam dúvidas de que esta política não é a que quero para o povo mato-grossense. Que vale à pena trabalhar com retidão e com foco na justiça social. Que enquanto estiver em funções públicas outorgadas pelo povo só trabalharei em seu benefício. 
Não à politicagem e à restrição de direitos sociais. Sim à verdadeira política que beneficia a coletividade e promove oportunidades iguais para todos e todas. Fora Taques! 

Valdir Barranco é deputado estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.
 

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