Tudo tem o seu tempo, e como é bom ver que a hora da atual Gestão da OAB/MT em tentar defender suas incoerências institucionais endógenas e exógenas chegou. È claro, coincidência ou não a tentativa de prestar contas somente é realizada justamente no ano eleitoral. Mas antes tarde do que nunca, chegou o momento em que a avestruz desenterra a cabeça do buraco e finalmente consegue vencer o medo de abertamente discutir e escrever suas idéias.
É com muita honra, que prestigiosamente dou as boas vindas ao possível re-recandidato a Presidência da OAB/MT à este verdadeiro espaço democrático de debate chamado imprensa livre. Deixe-me apresentar, aqui o espaço é público, a todos é possível a manifestação de pensamento. Nos artigos, o cinismo, o jogo de cena, o autoritarismo não tem oportunidade. Neste espaço todos são iguais, não há Presidente, não há Conselho, não há propaganda oficial paga, não há pessoas que não podem falar, enfim, não há diferença nas possibilidades de cada um dos advogados se manifestarem, tudo se resume há um só aforismo: escrever é historiografar o pensamento. Diferentemente do que fora transformado a OAB/MT; lá quando é excepcionalmente permitido falar um advogado as deliberações já aconteceram, lá o jovem advogado não tem possibilidade de falar, lá o lugar do advogado é silente na diminuta platéia.
Privando de ouvir o seu principal público: os advogados, a OAB/MT ficou surda. A não realização das eleições diretas ao quinto constitucional é um dos sintomas da surdez, mas não o único. Qualquer advogado que queira integrar alguma Comissão, uma cópia de ata de sessão, manifestar-se sobre alguma questão institucional, a casuística resposta será dada conforme as pessoas envolvidas na ocasião.
Uma das tentativas do Movimento pela OAB/MT de institucionalização das eleições diretas falhou, estranhamente não foi possível conseguir a maioria dos Conselheiros. Então, nós restou a verdadeira soberana instância, conforme o artigo 3º do Regimento Interno da Seccional: a Assembléia Geral dos Advogados de Mato Grosso. È nela que todos votam nas eleições, e por meio dela que é possível realizar um plebiscito para que todos os advogados se manifestem em favor do sim ou do não para a realização das eleições diretas ao quinto constitucional. Queremos que a OAB/MT pare de julgar conforme as pessoas, e passe advogar idéias.
O plebiscito, para quem ainda não sabe e deveria saber, é uma atitude democrática. Que seja ao advogado possibilitado a manifestação de pensamento. Que a Ordem volte a ouvir os advogados, e ver que é uma entidade que foi socialmente ungida para dar bons exemplos à sociedade, para somente depois passar a cobrar exemplos de outras instituições. A Ordem não é muda, mas não pode ser falante na oportunidade de captação de clientes e cacificação política, e vergonhosamente silente na cobrança do Ministério Público por respostas as tantas denúncias que envolvem o Tribunal de Justiça.
Acredito que ainda há tempo para a atual Gestão da OAB/MT tentar provar a sua integridade com os compromissos outrora veementemente assumidos em campanha. É o mínimo de respeito a ser dado para todos aqueles que confiaram e confiam na possibilidade de fazer da instituição algo mais acessível aos advogados.
Bruno J.R. Boaventura é advogado em Mato Grosso