Numa era em que cada vez mais difunde-se o combate à discriminação, seja ela racial, de crença, política e, no momento, a tão debatida e falada diferença sexual, o que se observa é que tem ficado de lado o conhecido "caminho do meio". Afinal, já que o assunto é o respeito, este deve ser para todos, e não apenas para um segmento ou outro.
Em suma, o "caminho do meio" é aquele em que não se expresse qualquer vantagem exagerada, seja em favor dos que discriminam um segmento, seja em relação àqueles que o estão combatendo.
No caso da homofobia, que em um ligeiro conceito trata-se de uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação à lésbicas, gays, bissexuais e, em alguns casos, contra transgêneros e pessoas intersexuais, e que atualmente tem ganho expressiva atenção global, verifica-se que, de certa forma, passou a ser mal interpretado por alguns.
Isso porque, com o próprio e tão falado "Kit Gay", que foi refutado pela Presidenta Dilma, o movimento gay estava se valendo do MEC, e de verbas públicas, para – ao invés de fazer um combate à discriminação – usar esta ideia como pretexto para apologia à homossexualidade. Ser homossexual é um direito, mas ser heterossexual também o é. O "kit gay". Na forma como estava, era uma invasão na forma que cada família tem de educar seus filhos, seguindo seus preceitos e religiões.
O que precisamos é combater, sim, todas as formas de discriminação, mas através de medidas que não ofendam outros brasileiros, como foi o caso do "kit gay", acertadamente refutado pela Presidenta Dilma, que agiu na defesa exatamente do "caminho do meio".
Combater a discriminação é uma coisa, o "kit gay" é outra. Que façamos um material com respeito a todos e ouvindo os diversos segmentos deste país. O "kit gay", assim como querer mudar à força o conceito milenar de casamento, é exagero do ativismo homossexual que, no final das contas, até prejudica a sua causa.
Assim, o ativismo gay chama o direito de opinião dos outros de "homofobia", em exagero. Do outro lado, erram os religiosos que querem impedir que quem não comunga da mesma opinião tenha o direito de escolher como vai viver a sua vida. Erram os dois lados, exatamente por não dosarem suas "opiniões".
Busca-se criar por lei a união civil, com todos os direitos cabíveis. Mas esquece-se que isso deve ser feito sem afrontar os direitos humanos das maiorias. Maioria também é gente! Precisamos combater as discriminações todas, não apenas as contra um grupo. Ou os gays merecem mais atenção que negros, índios, pobres etc?
Não é porque o movimento homossexual é mais articulado que se pode, à luz da Constituição Federal vigente, fazer todo um esforço via MEC onde se trabalha contra apenas uma das formas de discriminação.
Thiago Fellipe Nascimento- advogado em Cuiabá