sexta-feira, 20/setembro/2024
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A evolução do discurso

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Nesta última sexta-feira presenciei as ruas do CPA em Cuiabá, agitadas pelo frenesi das eleições da OAB/MT. A agitação propagou-se por todo o Estado, como sempre acontece. Então me lembrei de uma das memoráveis reuniões públicas de Sinop, ainda nos tempos do prefeito Geraldino Dal"Maso, na câmara municipal. Nos anos 80 faltava quase tudo em Sinop. A cidade evoluiu muito, evidentemente, não só em tijolo e concreto, mas também em discurso. Toda reunião, fosse importante ou não, tinha de ser na Câmara, único lugar de reuniões na cidade. O encontro era mais uma das inúmeras reuniões realizadas para se tratar da criação da futura comarca e de se encontrar urgentemente um local, mesmo que provisório, para a instalação do fórum (a comarca foi instalada em 1985). Era, portanto, um encontro semi-político, especialmente para os próceres da cidade.

Dessa vez, porém, o encontro cívico para tratar do fórum e da comarca, fazia parte de uma dessas estrepitosas campanhas da OAB-MT. A câmara cheia, mais de sessenta pessoas, uma dezena de advogados de Sinop, (eram mesmo só uns dez, ou pouco mais na cidade), e mais uma meia dúzia, arrebanhados dos municípios vizinhos. Em dado momento, (e eis o motivo do presente artigo) um representante de um chapa em disputa, fazendo uso da palavra se sai com esdrúxula idéia, ao dizer que sem comarca os advogados da cidade logo estariam passando fome. Espantado, simplesmente olhei para os lados, constatei que apenas mais duas ou três pessoas haviam percebido o absurdo proferido pelo advogado visitante. E logo vi que não valia à pena polemizar. Precisávamos afinal, era de gente para a causa. O alienado causídico da capital estava demonstrando não conhecer a história da sua OAB.

Afinal, fórum e comarca são instituições importantíssimas para o exercício democrático e a defesa da comunidade, não para o bem estar de advogados. Hoje em dia constatamos felizmente a evolução do discurso. Todos sabemos, não só pelo conhecimento da história do Brasil dos últimos cinqüenta anos, mas até por pesquisas de opinião pública, que a OAB é o estabelecimento não governamental mais respeitável e mais confiável do país. É mundialmente conhecida e respeitada, justamente por sua postura institucional irrepreensível. As outras organizações profissionais, (dentistas, engenheiros, empresários, comerciantes, médicos), já perderam há muito tempo a noção de suas importâncias para a comunidade, atuando mais como órgãos de classe do que como instituições de defesa da comunidade. A medicina, por exemplo, classe da qual posso falar mais apropriadamente, conta com cerca de 350.000 médicos avassalados pelos planos de saúde e empregados no SUS, estão espalhados por quase uma dezena de órgãos, como Associação Médica, Sindicato dos médicos, Conselho Federal dos médicos, Ordem dos Médicos do Brasil, etc, todas atuando muito mais como sindicatões de interesses corporativos do que voltadas para a promoção do povo brasileiro.

Parabenizo o vencedor em Sinop, cuja eleição em oblíquo à chapa vencedora na jurisdição maior, revela sem dúvida o seu prestígio pessoal. O jovem Dr. Felipe é membro de uma família de juristas, da qual Sinop se orgulha. Parabenizo também a presidente que entregará agora o cargo. O mandato da Drª. Soraide Castro, foi, a meu ver, o mais importante desde a criação da seccional.

Emerson Ribeiro

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