Política é um processo contínuo e de longo prazo. A prova é que mal acabamos de contabilizar os vencedores e vencidos do último pleito, e os bastidores já se movimentam para as próximas eleições. Mesas diretoras das casas legislativas, entidades classistas e eleições municipais de 2008 já entraram na pauta. Prematuro, dizem alguns. Esses, todavia, vão ter mais dificuldade de influir se demorarem-se a entrar no jogo.
Para a prefeitura de Cuiabá já temos pré-candidatos e pesquisas de intenção de voto sendo feitas. Alguns nomes já se sobressaem, como o do campeão de votos na cidade, Walter Rabelo; de Sérvio Ricardo (sobretudo se vier a se tornar mesmo presidente da Assembléia em dezembro); Carlos Abicalil, o grande nome das eleições em Mato Grosso este ano; e, naturalmente, do atual prefeito Wilson Santos, caso sobreviva à regra da reeleição (lembre-se que haveria um acordo entre PT e PSDB para acabar com esse instituto na reforma política a ser promovida ano que vem). Há outros ainda, como Mauro Mendes e Roberto França.
Para o governo do Estado, em 2010, é a mesma coisa. Blairo Maggi ainda nem escolheu sua equipe de governo para o próximo mandato e as conjecturas sobre sua sucessão já ganharam as ruas. Nomes como os de Jaime Campos, Silval Barbosa, Luiz Antonio Pagot, Wilson Santos (caso se mantenha a reeleição e ele consiga o segundo mandato na capital), o próprio Antero Paes de Barros, Carlos Abicalil novamente, estão entre os mais cotados.
Para senador, idem. Pagot, Silval, Wilson, Abicalil, Antero, Welington Fagundes, José Riva, entre outros, já entraram nas listas de eventuais candidatos. Todos, contudo, partem da premissa que uma vaga já seria de Blairo Maggi, sobrando uma outra para a disputa.
E até para presidente da República já há os movimentos. O mais forte dá conta de um acordo subterrâneo entre Lula, José Serra e Aécio Neves, pelo qual o PT não produziria nenhum candidato para a sucessão do atual presidente, deixando a vaga para um dos dois tucanos citados acima. Algo que nós, cuiabanos e mato-grossenses, conhecemos bem, ou seja, a chamada alternância de poder combinada que vimos por aqui desde a divisão do Estado, em 1978. Quebrada pelo fenômeno Blairo Maggi, que pegou a todos os caciques da política local de calça curta.
O fato é que os resultados das últimas eleições mostram que política requer planejamento de longo prazo. A maioria dos candidatos que só se decidiram na última hora levaram tinta. Os que tiveram mais sucesso foram os que iniciaram suas campanhas com bastante antecedência. Claro que sempre há exceções.
Cada vez mais a eleição está sendo determinada pelo profissionalismo. Fazer um bom planejamento, cuidar bem da imagem com antecedência, fazer pré-campanha, estudar o cargo certo a concorrer, levantar os fundos necessários, conhecer bem os anseios e expectativas dos eleitores, entre outros itens de um check list amplo, é fundamental para o sucesso eleitoral nos tempos atuais.
Claro que o bom planejamento, por si só, não determina a vitória. Política vive muito do imponderável. É a atividade mais dinâmica entre as atividades humanas. Fatos novos surgem a cada momento. Mas, até nas intempéries, o planejamento ajuda, pois faculta ajustes mais seguros e no timing correto, em caso de mudança de conjunturas e correlações no ambiente político. Faculta inclusive desistir ou adiar o projeto, quando os fatores objetivos apontam para esse rumo.
Kleber Lima jornalista em Cuiabá
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